O Novo Banco (NB) é agora a novela do dia depois de, no último Domingo, Marques Mendes ter servido de porta-voz do Banco de Portugal (BdP) e anunciado na SIC que o Lone Star era o candidato melhor colocado para comprar o banco. É claro que se percebeu que o anúncio de Mendes não era mais do que um balão de ensaio que o BdP queria lançar para antecipar reacções.
A coisa deu resultado e o ministro das Finanças percebendo o truque deixou claro que não haverá mais dinheiro dos contribuintes para o NB e que a nacionalização não será hipótese descartada. Pasme-se: as virgens púdicas da direita calaram-se perante essa hipótese, o que leva a pensar que o estado do NB é de tal ordem e a fiabilidade dos candidatos a compradores é tão pouca que a direita nem reage perante a ameaça de nacionalização!
Como já se tornou costume em matéria de bancos e banqueiros, os jornalistas de economia andaram a apanhar bonés e descobriram agora que o Lone Star é um fundo “oportunista”, ou melhor, um “abutre” que não só quer comprar o NB ao preço da chuva como quer que o governo (leia-se nós, os contribuintes) entrem com uma pipa de massa.
Cabe então perguntar o que é que aconteceu para o NB (o banco “bom” por oposição ao banco “mau” Espírito Santo) agora não valer nada? Os gestores não eram os melhores? O que andou o BdP a fazer este tempo todo? O vendedor contratado pelo BdP, Sérgio Monteiro, a coqueluche do governo anterior, não era um especialista em vendas?
Esta novela seria cómica se não fosse trágica. Mostra a incompetência do BdP, dos banqueiros e do vendedor. Mostra também a falta de escrutínio por parte dos jornalistas e o estado de desinformação a que chegámos apesar de tantos especialistas e comentadores nos encherem os ouvidos com as suas convenientes narrativas sobre a excelência da solução encontrada para o “caso BES”. Ainda vamos ver que o Novo Banco vai custar-nos mais do que teria custado o reagate do BES.
Artigo publicado originalmente no blog VAI E VEM