Sobrevivi ao aparecimento do Mindfulness, termo criado para explicar aos estudantes universitários dos Estados Unidos da América a milenar prática e filosofia conhecida por meditação.
Aceitei com a necessária serenidade o “reiki para encontrar objectos perdidos em sua casa”, mas… agora foi de mais. Deparei-me com, imagine-se, o “Yoga da Cerveja”.
Sou há muitos anos um defensor das práticas ancestrais orientais, contudo, a partir de hoje quando me perguntarem a propósito de yoga, de meditação, de reiki, vou começar a minha resposta com uma mesma frase: Sabe, eu não faço vida de café! Isto para depois explicar estar cansado do aproveitamento irresponsável de palavras e práticas milenares do oriente, isto por parte de quem nada, nem ninguém, respeita. Ele é o Mc Mindfulness, o Yoga da Cerveja, o Reiki Detective, o Spiritual Boozing, etc..
E por que razão haveríamos de forjar o que já está testado há milhares de anos? A resposta é simples, diferenciação associada a uma prática de mercado. Ou seja, um novo argumentário comercial. Foi aqui que chegamos. Perdeu-se o espírito.
Mais, encontramo-nos num momento em que há um maior número de pessoas com diplomas, uma dita certificação, nestas terapias e práticas que gente à procura dos benefícios das mesmas. Algo deve estar errado, acredito.
Finalmente, o que deve ser o Yoga? Pessoalmente considero que este deve operar ao nível do ser e do seu relacionamento com a ancestralidade, chamemos-lhe consciência, espiritualidade.. Para além disso a sua experiência deverá facilitar o conhecimento prático que temos dos condicionantes internos e externos que assistem ao momento a que chamamos vida. A prática da meditação é, igualmente, imprescindível. E, finalmente, um comportamento de qualidade e, ainda mais importante, o serviço comunitário.
E, isto é yoga! Não é um mero momento de contemplação ou exercício de ginástica, isto com o devido respeito pelos muitos que têm uma ideia diferente da minha, naturalmente.
Insisto num aspecto fundamental. A responsabilidade por parte dos que o praticam, i.e. relativamente a comportamentos de qualidade e ao compromisso pelo serviço à comunidade. Estes fazem parte da tradição de qualquer tipo de yoga ancestral. Se assim não for não é yoga.
É por reconhecer os benefícios, provados há milhares de anos destas práticas, desde que ancestrais, que defendo que elas devem fazer parte dos curricula das nossas escolas, isto para todos os níveis de ensino.
Quanto ao resto, apetece-me lembrar a voz do meu povo, “quem não tem vergonha todo o mundo é seu”…