Pelo seu alto significado e importância política, reproduzimos aqui, na íntegra, a declaração do Capitão de Abril, agora Coronel, Vasco Lourenço.
“Estamos a assistir a uma reacção desesperada de quem vê fugir o poder. Nessa acção participa activamente o PR, que se contradiz permanentemente e, ao protelar decisões fundamentais para a normalização do Pais, contribui para a enorme instabilidade que estão a tentar agudizar, procurando aterrorizar os portugueses com o papão do caos.
Naquilo que considero uma tentativa de levantamento popular, da chamada “maioria silenciosa”, vem agora Passos Coelho propor uma revisão da Constituição da República, oportunista e casuística, para abrir a hipótese de dissolução da AR e de convocação de novas eleições.
Como qualquer constitucionalista honesto explica liminarmente, tal hipótese é totalmente impossível e impraticável. O que torna o simples levantamento dessa hipótese numa provocação desesperada e sem sentido.
Mas se, por absurdo, o golpe frutificar, sugiro e desafio tais personagens que aproveitem para incluir na Constituição uma norma que permita a destituição do PR. Solução que poderá passar pela convocação de um referendo, sob proposta de um número mínimo de eleitores (15.000, para imitar o máximo admitido para uma candidatura a PR).
E, já agora, aproveitar para recriar na Constituição a existência da Câmara Corporativa. Estaríamos assim a legalizar a acção que o actual PR está a praticar, de forma enviesada e não assumida. Confesso que, como militar de Abril não esperava assistir a uma tão despudorada actuação como os ainda detentores do poder estão a ter.
Ainda que seja um autêntico estertor, não deixa de ser altamente condenável.
Lisboa, 13 de Novembrode 2015
Vasco Lourenço”