LP do músico irlandês não teve sucesso, mas é considerado como um dos maiores de sempre
Em 1964, cinco jovens de Belfast juntaram-se para lançar os Them, uma banda que teria vida curta mas que se tornou numa das mais relevantes da cena pop/rock da década de 60. Com um álbum – Gloria – e um single com o mesmo título, que chegou aos tops, estes irlandeses do Norte não escondiam que o seu som era fortemente marcado pelos blues e R&B.
E neste grupo de jovens, sobressaía o invulgar talento de Van Morrison, guitarrista, cantor e compositor da banda. Em 1967, Van Morrison iniciou uma carreira a solo, com o álbum “Blowin’ Your Mind!”, do qual foi extraído um single com a canção “Brown Eyed Girl”, que se tornaria num grande sucesso de então.
Mas o seu segundo álbum, “Astral Weeks”, editado precisamente há 47 anos, não teria uma recepção de grande sucesso por parte do público. Contudo, este LP é, hoje, justamente reconhecido como uma verdadeira “obra-prima”. Na lista dos melhores álbuns de sempre da revista Rolling Stone, “Astral Weeks” ocupa mesmo o 19º lugar.
Com produção de Lewis Merenstein, um homem ligado jazz, o disco foi gravado em Nova Iorque, nos Century Sound Studios, em apenas três sessões, durante Setembro e Outubro de 1968. A maior parte das canções foram mesmo gravadas em “first take”. O multi-instrumentalista e cantor Van Morrison reuniu à sua volta um grupo de músicos de jazz, que nunca tinham trabalhado juntos. Depois do grande sucesso da “pop song” “Brown Eyed Girl”, Van Morrison iniciava agora um novo percurso musical, mais maduro, com claras influências do folk, jazz, blues e mesmo da música clássica.
Sem canções que pudessem dar singles de topo de vendas (embora duas emblemáticas canções, “Cyprus Avenue” e “Madame George”, façam parte do álbum), “Astral Weeks” passou ao lado dos charts, mas ficaria para a história como um dos mais influentes discos daquele tempo. Contudo, a intemporalidade das composições de Van Morrison é evidente. “Astral Weeks” ouve-se hoje com o mesmo prazer que teria há 47 anos atrás. E o irlandês Van Morrison, que continua a editar discos e a dar concertos, é um dos nomes maiores da música dos últimos 50 anos.