António Costa considera estarem reunidas todas as condições para ser convidado para formar Governo. Em entrevista à RTP, o líder do PS disse que há uma maioria sólida na Assembleia da República e que os contributos dados pelo Bloco, pelo PCP e pelos Verdes, que foram integrados no programa de Governo, são “coerentes e consistentes com o programa eleitoral do PS” e não põem em causa os compromissos assumidos pelo país. O défice, garantiu, ficará todos os anos “abaixo dos 3%”.
Em face disto, Costa considera não haver razões para “criar crises políticas artificiais” e o que há a fazer é dar sequência a este processo, com o convite, por parte do Presidente da República, ao PS para formar governo. Até porque, e uma vez que o PSD não conseguiu maioria no Parlamento, “a pior das soluções seria um governo de gestão”, que teria poderes muito limitados.
Embora não tenha querido “dialogar com o Presidente da República por interposta pessoa”, António Costa não deixou de mandar o recado a Cavaco Silva de que não faz sentido perder muito mais tempo com a indefinição, porque esse é, na sua opinião, o pior sinal que se pode enviar aos mercados.
O líder do PS manifestou-se “chocado” com as afirmações recentes de Passos Coelho, as quais qualificou como “extremamente negativas”. O presidente do PSD “só se pode queixar de si próprio”, ao não ter conseguido manter a maioria absoluta, em coligação com o CDS e, posteriormente, ao não ter conseguido encontrar apoios no Parlamento que lhe permitissem governar. Em vez de assumir uma atitude de “crispação e agressividade artificial”, o que devia fazer, era “conformar-se com o voto dos portugueses e a composição da Assembleia da República”.