Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Terça-feira, Dezembro 24, 2024

A Palavra Escondida Nos Teus Riscos…

João de Almeida Santos
João de Almeida Santos
Director da Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração e do Departamento de Ciência Política, Segurança e Relações Internacionais da ULHT

Poema de João de Almeida Santos com ilustração de desenho inédito de Filipa Antunes para este Poema. Abril de 2017.

A PALAVRA ESCONDIDA
NOS TEUS RISCOS…

 

I.

Encontro-te
Num acaso
Marcado
Pelo destino!
Olho-te
De frente
Só com palavras!
Agarro
Tuas mãos
Nos traços
Com que desenhas
O infinito…

Às vezes,
Olho-te nos olhos,
Em silêncio,
Timidamente,
Com um brilho
Interior
Que não se vê
(Mas se pressente…)!

II.

Ah! Como gosto
Do teu rosto,
Linha d’arte
Saída de ti,
De teus dedos
E desse sorriso
Cúmplice
Que me inebria
Tão docemente…

É auto-retrato,
É espelho
Onde me vejo
E revejo,
Por dentro,
Através do teu perfil!

III.

E digo-te
Palavras…
As do momento,
Sobre o sol,
A chuva
Ou o vento…

E sinto-te,
Como quando
Te vi
Pela primeira vez
(Ali…),
Sem te dizer
Que fugiria contigo
Da rua proibida
Para este abrigo
Dos poemas
Que te procuram!

IV.

Fugas! Fugas!
Sempre fugas
Para o horizonte
Que persigo
E se afasta,
Como se nelas
Desenhasses
Esse azul infinito
Onde a convergência
Só acontece
Quando o meu olhar
Te procura
Dentro de mim…
E te encontra
(Enfim)!

V.

Se te perco
Chega, rápida,
A saudade
Que já espreitava
Na esquina
Do teu olhar
De despedida…

Então, escrevo-te
Em prosa,
Certeiro,
Para não falhar
O que talvez
Nunca te direi…

Reescrevo,
Palavra sobre palavra
Como se construísse
Um longo poema
De amor…
Com coisas
Triviais!

VI.

E procuro
O momento
Para acrescentar
Uma palavra
Simples,
De poucas letras,
Há muito escondida
Na floresta
De riscos e cores
Com que me vais
Pintando
A alma…
…………
Vazia
De tanto esperar!

VII.

Se não fosse poema,
Temia o excesso
De palavras…
E que te perdesses
Nas tuas fugas,
Voando,
Leve,
Nas aguarelas
Com que agarras
Os céus
E eu ficasse
Como folha
Branca, caída
– No outono
Do meu afecto -,
Onde deixasses
De fazer riscos
À procura de palavras
Que já nunca chegariam…

VIII.

E por isso te procuro
Na arte
Nas palavras
Nas curvas da vida
Que estão mais cheias
De poesia
E de nós
Do que um amor
Declarado
Que nunca será dito…

Ilustração: Desenho inédito de Filipa Antunes para este Poema. Abril de 2017

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

Artigo anterior
Próximo artigo
- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -