Um assessor do PSD chama “palhaço e medroso” a um membro do governo, o secretário de Estado das Finanças, Mourinho Félix. O jornal electrónico Observador cita esse assessor, certamente por considerar que a sua opinião vincula o partido que ele assessora. O mesmo jornal diz também que o vice-presidente da bancada do PSD, Abreu Amorim, segue a ”mesma linha” do assessor e fala em “palhaçada”, referindo-se, tal como o assessor, à interpelação directa que o secretário de Estado fez ao presidente do Eurogrupo a propósito da declaração deste de que os povos do Sul da Europa gastam o dinheiro em “copos e gajas”.
É digno de nota verificar que no PSD as coisas funcionam ao contrário: em vez de serem os assessores a citar os dirigentes, são os dirigentes a citarem os assessores. Igualmente se estranha que um partido como o PSD que governou o País durante 4 anos sem nunca levantar cabelo perante o Eurogrupo aceitando todas as imposições e humilhações impostas ao País em nome de um pretenso “ajustamento”, venha agora chamar “palhaço” a Mourinho Félix e “palhaçada” à firmeza com que ele criticou as palavras de Dijsselbloem.
Pelos vistos, o PSD e alguma imprensa queriam que o secretário de Estado fizesse uma chicana no Eurogrupo como se as palavras do primeiro-ministro repetidas em fóruns internacionais e as posições unânimes dos órgãos de soberania portugueses não fossem suficientes e claríssimas de condenação absoluta do presidente do Eurogrupo e da necessidade da sua demissão do cargo que ocupa.
Causa também perplexidade ouvir o jornalista Bernardo Ferrão dizer na SIC Notícias que a notícia do Expresso, de que a sondagem a Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo, “é uma história mal contada”. Será que Bernardo Ferrão está a dizer que o Expresso mentiu ou foi enganado? E não há um esclarecimento do grupo Impresa a que a SIC e o Expresso pertencem?
Sobre “palhaços” e “palhaçadas” estamos conversados…
Artigo publicado sob licença do autor. Blog VAI E VEM