Um aspecto da complexidade da grande nação lusófona (intuída por Fernando Pessoa quando escreveu, em 1931, “minha pátria é a língua portuguesa”) poderá ser visto em Lisboa, em 1º e 2 de junho próximos; lá ocorrerá o festival MIL – Lisbon International Music Network.
É isso mesmo. Os organizadores do MIL se renderam à imposição mundial do idioma de Shakespeare e, em vez de usar o idioma de Camões (Rede Internacional de Música de Lisboa), preferiram usar aquele idioma. Paciência!
De qualquer modo, Lisboa sediará este evento destinado a ter expressão internacional. Nele, o MIL pretende apresentar os diferentes sotaques dos quase 300 milhões de falantes do português espalhados pelo mundo. Eles poderão exibir a riqueza dos sons que produzem e encantam a todos. Nem todos estarão presentes, mas esta é a primeira edição do MIL – outras virão!
O MIL será um festival de música e também uma convenção internacional. O objetivo é valorizar e divulgar a música popular contemporânea do mundo lusófono. Serão 50 apresentações musicais. Lá estarão grupos e nomes como os portugueses Capitão Fausto, Rinding Panico, Linda Martini, Stone Dead ou Galgo, angolano como Diron Animal, francês como The French Beat, luxemburguês como Sun Glitters. A riqueza de sons do Brasil estará representada apenas pelo grupo A Cigarra e o músico e poeta Luca Argel.
Festival MIL
O MIL pretende ser uma plataforma de intercâmbio formada por dois tipos de programa. Um deles tem os profissionais que atuam na indústria musical como público-alvo, e trará apresentações, debates e palestras para discutir e refletir sobre questões que afetam os diferentes setores da indústria musical.
O outro proporcionará um espaço de oportunidade para artistas e profissionais da área possam apresentar seu trabalho e estabelecer contatos.
Serão debatidos desde questões que dizem respeito ao mercado português, a arte de programar, política e música popular contemporânea, até como construir uma banda, ou os direitos dos artistas na era digital, ou as relações entre artistas e administradores, ou as dificuldades das editoras independentes, e vai por aí.
Haverá também uma apresentação do potencial do mercado lusófono, no qual o Brasil se destaca com seus 203 milhões de habitantes (2/3 do mundo lusófono). Sobre esses, a direção do MIL fala com clareza:
são pessoas que não conheces, mas devias conhecer!”