A BBC Brasil anunciou ontem Exército dos EUA participará de exercício militar inédito na Amazônia a convite do Brasil
Tropas americanas foram convidadas pelo Exército brasileiro a participar de um exercício militar na tríplice fronteira amazônica entre Brasil, Peru e Colômbia em novembro deste ano.
Segundo o Exército, a Operação América Unida terá dez dias de simulações militares comandadas a partir de base multinacional formada por tropas dos três países da fronteira e dos Estados Unidos.
Descrita pelas Forças Armadas como uma experiência inédita no Brasil, a base internacional temporária abrigará itens de logística como munição, aparato de disparos e transporte e equipamentos de comunicação, além das tropas. O Exército afirma que também convidou ‘observadores militares de outras nações amigas e diversas agências e órgãos governamentais’”.
Mas, se bem entendo, os soldados brasileiros não se encontram preparados, vale dizer, adestrados para receber os militares dos Estados Unidos. Como cumprimentá-los? Como lhes sorrir? Como abraçá-los e lhes falar: “Hi, man, me brazil, you Tarzan”? E os oficiais gringos aparvalhados diante da saudação: “Really? Good!”. É natural.
Então, para evitar constrangimento para os nossos, penso que é hora de reabilitar um Manual de Etiqueta que a Caixa Econômica Federal um dia escreveu para melhor educação dos brasileiros frente aos gringos. Assim falava o Manual e comento:
“Em situações formais, norte-americanos costumam se cumprimentar com um aperto de mãos firme e rápido ou com um aceno de cabeça, acompanhado de uma saudação verbal”.
Hi, rai, será isso?
“Procure ficar a uma distância mínima de 33 cm (a distância aproximada de um braço esticado) quando conversar com os norte-americanos”.
Aí é difícil, pois como 33 cm são o tamanho de um braço?! Das duas uma: ou o redator da etiqueta para brasileiros entre gringos errou a unidade, ou errou a parte do corpo humano. Mas não exageremos. Adiante.
“Se você estiver num grupo que está conversando em inglês, não é educado falar em outra língua mais do que duas ou três frases”.
Magnífico. Entre gringos, fale inglês, sempre, não importa em que circunstância. E se alguma necessidade interna houver, de falar com os nossos nativos, comporte-se: faça como eles fazem em terras do Brasil: fale em inglês, sempre.
“Mantenha suas roupas sempre limpas e arrumadas, sejam elas formais ou informais. O mesmo vale para os sapatos”.
Como se sabe, os brasileiros somos desleixados, sujos, mal-amanhados, deselegantes. Nesse particular, não precisamos copiar os norte-americanos que chegavam em hordas de turistas para o Brasil: sem banho, de sandálias, bermudões, em fila indiana, em marcha que andava como se tivessem calos e caroços nos pés. Como pinguins graciosos. Mas agora, não, vêm em marcha.
“Se num bar fizer contato visual com um garçom, um aceno da cabeça, é suficiente para chamar sua atenção. Em ambientes muito cheios, pode-se chamar o garçom educadamente com um ‘excuse me, waiter’ ou erguer o dedo indicador com um aceno de cabeça”.
O genial dessas recomendações para os mal-educados, isso quer dizer, os brasileiros, é que elas preveem todas as situações, se não as reais, pelo menos as imaginárias. Os garçons nos Estados Unidos atendem às mil maravilhas todo cucaracha. Basta um dedo indicador e eles vêm sorridentes e ágeis. Nunca o médio, do dedo, que esse é o que nos dão, por falta de coordenação motora, talvez.
“Ao ser convidado para um evento no hotel ou casa, é de bom tom perguntar ao anfitrião norte-americano se ele deseja que você leve alguma coisa. Se ele disser que não, leve assim mesmo um vinho ou algum doce para a sobremesa.”
Se o evento for uma festa de comemoração, mesmo que lhe digam que não é necessário dar presentes, leve uma lembrancinha acompanhada de um cartão.
Quando visitá-los, pela primeira vez, leve um presente para o anfitrião – flores para a mesa ou uma garrafa de vinho são boas escolhas”.
Ou seja: leve sempre um presente. Nunca se esqueça. Mas…
“Não prolongue além da conta a sua estada – a não ser que o anfitrião peça”.
Antes, o gringo dizia não e devíamos entender sim. Agora, dizem sim e devemos entender sim. Como saber quando os gringos falam a verdade?
Talvez a Caixa devesse ter escrito um Manual de como os norte-americanos deveriam tratar os brasileiros, ou como eles deviam se comportar quando invadem as praias do Brasil e veem em cada mulher uma prostituta, e em cada brasileiro um cafetão.
Mas deixa pra lá, para que etiquetas? Com Temer no poder, os gringos chegam em tropas bem armados, para a Amazônia internacionalizada. Perdão, chegam ao vasto território norte-americano aberto por um governo antibrasileiro. Para que etiquetas? Sorriam e tirem uma selfie.
O autor escreve em português do Brasil