Chama-se Teatro Virtual. Volta a ser um desafio para o autor. Um desafio que lhe foi dedicado, outro que quer agraciar. E um terceiro que ensaia lançar. Esta quinta-feira, na Universidade Aberta, todos são convidados a ouvir falar de inquietações – reais ou virtuais, pouco importa!
Em 2004 nascia o projecto Teatro Virtual, um conceito inovador e pioneiro de utilização das novas tecnologias que se pretendia processo democrático, e de criação teatral. A Internet era utilizada como nova ferramenta de trabalho para possibilitar a comunicação e interacção entre pessoas de várias idades, locais, credos, géneros ou etnias. Basicamente, uma fusão entre o mundo artístico e empresarial era o que se delineava.
E assim germinou: o site criado para o projecto via a luz do dia há 13 anos. Durante 8 semanas, das 21:30 às 00:30, de quarta até sexta, um chat de conversação permitia a reunião e comunicação entre os participantes que se aventuravam a querer ser personagens virtuais. Discutiam em tempo real aquilo que julgavam ser ficcional.
A seguir vieram as estatísticas: depois dos 200 registos iniciais (entre espanhóis, franceses e ingleses), nos primeiros meses foram trocadas mais de dez mil mensagens e assinalados perto de 3 100 users. O tema semanal levava à discussão noite após noite e ao seu resumo on-line.
Mais tarde foi materializada a obra. Um género texto, guião ou argumento criado por todos os participantes. No passo seguinte houve o lançamento daquele que viria a ser o verdadeiro filme de aproximadamente 33 minutos e que foi em digressão pelo norte e sul do país.
“Traz um amigo também”
Apesar de o projecto ter gerado alguma “controvérsia”, onde as críticas apontam farpas e dizem que o teatro não pode ser virtual, para António Abernú“, os ganhos para o público e intervenientes” foram reveladores. Recorda que o som do início do filme foi ilustrado por um participante portuense (Francisco Teles), que só mais tarde veio a conhecer numa palestra depois do projecto terminado.
O resultado do Teatro Virtual levou a uma análise sociológica do que começou a acontecer nas relações e interacções humanas devido às novas tecnologias. Ajudou a perspectivar e visionar os novos problemas e inquietações sociais dessa utilização, tão presente nos dias que correm” Sublinha António Abernú.
Passado 13 anos, o autor entende que novos horizontes são concretizáveis. Perspectivar uma actual edição do Teatro Virtual é um plano presente e desafiador. E nos dias que correm podem ser usados todos os meios disponíveis para participar: “Desta forma, quem quiser pode usar redes sociais, blogues, QR Codes, Dead Drop´s, Geocatching, Salas de Chat, Podcasts, Vídeos, entre outras coisas, bem como pedir ajuda na sua rede de amigos virtuais ou até mesmo reais”, sugere António Abernú, ao apelar: “trás um amigo também”. Porque, a sua defesa “é a participação e a democratização do processo”.
E para terminar remata: “com uma forte carga intervencionista, o resultado do projecto foi um manifesto teatral sobre as funções e a acção pedagógia que o teatro pode ter no tempo em que cada vez mais o homem não sabe o que é”
Teatro Virtual, pelas 17:30, um seminário apresentado por António Abernú, na rua da Escola Politécnica, em Lisboa
António AbernúTeatro VirtualAntónio Abernú é mestre em Ciências da Comunicação, Especialização em Comunicação e Artes pela Universidade Nova de Lisboa.
Tem 44 anos, é natural de Elvas e frequentou o curso de Engª. Aeronáutica na Universidade da Beira Interior. Entra para o Teatr’ubi e depressa decide rumar para Évora para estudar a arte de representar. Trabalhou no Teatro das Beiras e noutros grupos de teatro amador e universitário. Em 2000, funda a ASTA e quatro anos mais tarde concebe e dirige o projecto Teatro Virtual, inserido no Plano Operacional da Cultura – FEDER. É autor do projecto “O homem que queria ser água”, um espectáculo em constante mutação para a sensibilização sobre a água e os problemas ecológicos.
Integrado na programação do Invitro Lab, a ficha técnica do Teatro Virtual consta que: na criação, coordenação e direcção do Teatro Virtual está António Abernú com dramaturgia de Ana Rita Carrilho.
Entre os intérpretes são referenciados: Ana Filipa Trindade, António Abernú, João Neves, João Sabota, José Jorge Duarte, Maria do Carmo Teixeira, Mónica Sardinha, Orlando Paraíba, Paulo Gil, Pedro Maia, Pedro Rodrigues, Rui Pires, Sérgio Novo, Teresa Molar, Vitor Correia.
Caracterização: Mónica Sardinha. Filmagem: Pedro Pereira, Orlando Paraíba. Animação 3D: João Neves. Montagem e Edição: Pedro Pereira. Sonoplastia: Francisco Teles (do concurso), Orlando Paraíba. Design: Nuno Lages. Programação Multimédia: Orlando Paraíba e Pedro Pires.
Suporte Técnico: ASSEC- SIM! Produção: ASTA