Tudo a postos para a entrada de tropas especiais no terreno
Aquece o ambiente de “guerra” entre a Turquia e a Rússia. Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) rejubilam de alegria por causa deste conflito. Forças aliadas ocidentais procuram meter água fria para resfriar os ânimos e pedem tolerância ao Presidente russo, Vladimir Putin. Pressente-se que está tudo a postos para as tropas especiais entrarem no terreno. Mas paira o medo sobre os militares ocidentais, porque há quem afiance que os ‘jihadistas’ possuem armas químicas e bacteriológicas
Um dia depois das forças turcas abaterem um avião militar russo, que segundo alguns observadores internacionais, terá entrado, sem autorização, no espaço aéreo da Turquia, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu o ataque – mas garantiu que não quer que as tensões aumentem entre os dois países. Só que Erdogan não tem que querer nada. E muito menos poderá continuar a “jogar” com um pau de dois bicos. Dizer que apoia os bombardeamentos franceses e russos na Síria. E depois, aparecer no teatro de guerra, a dar apoio aos ‘jihadistas’ e a permitir a entrada de toneladas de petróleo clandestinamente na Turquia.
O Presidente norte-americano, Barack Obama e os dirigentes da NATO até já admitiram que aceitavam as justificações da Turquia. Mas pedem calma a Erdogan e a Putin. Só que o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, garantiu esta manhã, que “as relações entre a Rússia e a Turquia nunca mais vão ser as mesmas e que ficavam suspensas todas as relações que estavam em andamento entre os dois países”.
O que os jornalistas sabem é o seguinte: que ontem de manhã (terça feira), perto das 07h00 (hora de Lisboa), um caça russo foi abatido por dois F-16 turcos e acabou por cair em território sírio. Estes são os factos. E quanto a factos não existem argumentos. Ponto final.
No entanto a Turquia diz que o caça russo ignorou repetidamente os avisos das forças turcas – 10 avisos em cinco minutos, afiançam os militares turcos – e que invadiu o espaço aéreo turco, o que não foi a primeira vez que aconteceu nas últimas duas semanas.
A história russa é bem diferente: “O caça russo nunca entrou em território turco, os militares estariam a combater membros do Estado Islâmico, em especial combatentes estrangeiros russos, e foi abatido pelos F-16 turcos em território da Síria”.
O Presidente russo, Vladimir Putin (ex-KGB) foi mais longe no seu discurso, acusando a Turquia de “ser cúmplice dos terroristas do Estado Islâmico (EI)” e de todo o tráfico de petróleo clandestino que chega ao mercado negro do país. Isso constitui a principal fonte de receitas dos ‘jihadistas’.
Indiferente ao que se passou na Turquia, o primeiro-ministro David Cameron, esteve em visita oficial na França e prometeu ao Presidente François Hollande, todo o apoio logístico e militar aos franceses. “Chegou o momento de nós unirmos forças para combater um grupo terrorista que está a espalhar o pânico e o medo na nossa sociedade. Por isso, este problema não afecta apenas e só a França mas sim todos os países ocidentais. Nesse sentido vamos ter que ajudar a França”, esclareceu David Cameron, em Paris.
Os ingleses já disponibilizaram uma base aérea no Chipre aos franceses e prometem entrar no teatro de guerra ainda esta semana. O que não é novidade para ninguém, o porta-aviões Charles de Gaulle está a ser protegido por navios de guerra britânicos. Só é pena que não haja ninguém que seja capaz de fornecer aos jornalistas, qual o número de cidadãos iraquianos e sírios inocentes, mortos na sequência dos bombardeamentos russos e franceses
Estados Unidos, França, Inglaterra e os responsáveis militares da NATO tentam pôr água na fervura, mas os russos têm vontade de acertar contas com os turcos. E este acerto de contas não é de agora. Vamos ver o que se vai passar nos próximos dias do ponto de vista diplomático.
Os bombardeamentos levados a cabo pela Força Aérea Francesa e pelos russos têm enfraquecido os ‘jihadistas’ do Estado Islâmico (EI). Mas mesmo assim, os mais fanáticos ainda fazem questão de sair às ruas de Raqqa para fazer publicidade à causa e prometem vingança. Triste mas Real. Uma pena não se encontrar uma solução para esta guerra absurda
A segurança para os jornalistas profissionais que estão na Turquia, Curdistão, Chipre e no Mediterrâneo oriental é igual a zero. Ou seja, quem se afoita demais põe em causa a sua própria vida. Aconteceu o mesmo nos outros conflitos internacionais.
Todos aguardam uma oportunidade para entrar na Síria ou no Iraque para fazer registos fotográficos únicos. Escutar a versão dos civis que estão a ser vítimas dos ataques russos e franceses. Fazer reportagens que possam clarificar a situação que se vive no terreno. Mas não está fácil.
Os militares franceses falam em ataques cirúrgicos. Conversa fiada. Música celestial. Mas a esperança é a última a morrer pelo menos para quem ambiciona mais do ponto de vista jornalístico.
Aguardemos pelos próximos capítulos.
José Peixe, a bordo do porta-aviões Charles de Gaulle
[…] Source: Conflito entre a Rússia e a Turquia – Jornal Tornado […]