Poema de João de Almeida Santos a mote de Manuel Bandeira
Com inédito de Ana de Sousa para este Poema
“Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota a gota, do coração.”
Manuel Bandeira, Poema: Desencanto.
Teresópolis, 1912. In Manuel Bandeira (1956).
Obras Poéticas. Lisboa: Minerva, pág. 33.
COMO QUEM CHORA!
Manuel Bandeira,
Ah!, meu Irmão,
“Eu faço versos
Como quem chora”
Quando meu gesto
Não tem perdão!
Também meus versos
Sabem a sangue,
Saem do peito,
Do coração,
Fico ferido
Se ela chora,
Leio teus versos
Ó meu Irmão!
No seu silêncio
Eu morro um pouco,
Com os meus versos
Há redenção,
Vou-a perdendo,
Mas penso nela,
É um amor
De perdição!
Rouca fica
A minha voz,
Gritar seu nome
É minha sina,
Perder seu rosto
É dor atroz,
Tem um olhar
Que ilumina
E suas lágrimas
São minha foz…
Se eu a vejo
É sobressalto,
Se não a vejo
É solidão,
Manuel Bandeira
Dá-me teus versos,
Ó companheiro
Dá-me a mão!
Ilustração: O poeta brasileiro Manuel Bandeira (1886-1968).
Um inédito de Ana de Sousa para este Poema, inspirado em Desencanto. Junho de 2017).