Já lá vão quase dez anos desde que a Chandeigne, a editora mais portuguesa de Paris, publicou a fabulosa “Histoire des Juifs Portugais” de Carsten L. Wilke, professor de “Jewish history and culture from the Middle Ages to modernity”, na Central European University, de Budapeste. E já lá vai também quase uma década que a li. Mas apercebi-me que se impõe uma releitura. De facto, esta História de Carsten abre novas perspectivas e traz elementos inéditos que obrigam a reequacionar várias questões decisivas na história económica e política de Portugal e também do próprio mundo.
“Primeira obra de síntese sobre os judeus portugueses, depois do estudo parcial de Mayer Kayserling” (1867), o livro de Carsten não só fornece “um panorama completo do judaísmo português da Antiguidade até aos nossos dias” como também revela “o papel primordial desempenhado pelos judeus portugueses em todo o continente americano e no Oriente” e, claro, ao fazê-lo dá uma nova luz à geoeconomia portuguesa que criou a primeira globalização. Não é, aliás, possível – considero eu – fazer a análise da “globalização portuguesa” (e, portanto, de séculos da história de Portugal) sem ter conhecimento e integrar os elementos que esta obra de Carsten fornece.