Assunto sempre melindroso. Mas público. Assunto que não será vital, talvez, para a paz no mundo. Mas que evidencia mudança de paradigma em curso. E contudo meio secreto, esconso, esdrúxulo e sempre controverso.
Mas. Porém. Todavia. Para mim, bastante claro…
…
A criação humana não é uma indústria; não se procria de prateleira; não se encomenda vida numa fábrica; não se ilude o destino, o acto, a plenitude do enlace e do desejo. Nem se tergiversam presença e responsabilidades maternais com quaisquer exércitos de cuidativas amas e funcionários, por muito competentes e carinhosos que sejam.
O acto – natural, impulsivo, belo e emocional – de envolvimento entre um homem e uma mulher é insubstituível. Faz parte. Já sei – quase se tem de pedir desculpa de dizer isto hoje em dia. Mas assim foi construído o Mundo.
Se não sabe, não consegue, ou não quer fazer, muito bem; não faça. Adopte. E seja com isso o mais feliz que lhe for possível.
Nihil obstat.
Serei talvez antigo. Mas ainda creio que o ADN das pessoas não é apenas um código de barras industrial.
Quero acreditar que implica e traz consigo também memórias e afectos; onde se situam um sítio, uma pátria, um lugar, pessoas, proveniências, ternuras, história emocional e padrões.
Coisas inelutáveis que nos antecipam, antecedem e determinam.
Assim entendo o enlace, o amor, o erotismo e o desejo.
Será muito difícil um dia, justificar uma ausência tão plena, tão importante e primordial, num confuso processo de serviços e procedências. Onde, – desculpem-me este meu sentir, decerto demodé – sinto laivos de um novo-riquismo omnipotente.
Que “Alguém” – por mais valiosas que sejam as suas barrigas da perna – por favor, não se julgue Júpiter.
Ilustração: Jupiter and Thetis, de Jean-Auguste Dominique Ingres