Sobre D. João II falta escrever (e, sobretudo, estudar) quase tudo. Há um excelente romance do mestre Fernando Campos (A Esmeralda Partida) que já li e reli não sei quantas vezes, há a clássica narrativa de Alexandre Herculano (Mestre Gil), há, claro, a excelente crónica do seu fiel e inteligentíssimo “moço de câmara” Garcia de Resende e pouca coisa mais em que valha a pena deter-se.
Um dos trabalhos mais recentes (e merecedor de reflectida leitura) é… um relatório de polícia. Normal, dirão, pois quase tudo indica que D. João II foi alvo de homicídio. Sim, mas só que, em mais de 500 anos, ninguém se tinha lembrado de o fazer. Problema resolvido, agora, por este “O Príncipe Perfeito” do antigo ‘patrão’ da Polícia Judiciária, José Marques Vidal (que foi colaborador muito chegado do lendário Dr. Bento Garcia Domingues).
Marques Vidal pegou nas pistas e indícios ainda disponíveis e sob a forma de um (falso) romance histórico apresenta um bem aviado relatório policial que não deixa margens para qualquer pequena dúvida: D. João II foi mesmo assassinado! E por alguém muito, muito, próximo… Se o não fosse, aliás, nunca teria passado pela malha da segurança montada à volta do rei por Antão de Faria, o inventor dos modernos serviços de inteligência (que, décadas mais tarde e já com Portugal a ser mergulhado numa apagada e vil tristeza, Sir Francis Walsingham irá copiar e colocar ao serviço de Elisabeth I de Inglaterra…).