Poema de João de Almeida Santos
sobre Rosto, de Filipa Antunes.
Desenho (inédito) a grafite 9B
e aguarela, Julho de 2017.
DILEMA…
Vi-te,
Tímida,
Num recanto!
Transbordavas
De cor
E eu
De espanto!
Esperava
Há muito
Por ti
Na rua do
Desencontro,
Mas não
Ali…
Nesse recanto
Onde te
Vi!
Fiquei
Sem jeito
E até senti
Um leve
Aperto
No meu peito!
Fugazes
Os desencontros!
Fica-me
De ti
O rosto,
A cor
E a saudade
De quase
Não te ver
E te perder
Mesmo
Quando
Te encontro…
Vais ao jardim?
“ – Sim!”
Então vai
Que eu fico-me
Por aqui
Na memória
Ondulante
Do que senti
Quando,
Há muito,
Naquele dia
Luminoso,
Eu te vi…
Sofro
De não
Te querer
Para não te
Perder
E ganhar
Eternidade
Fugindo
Com palavras
Para a terra
Da saudade!
Vês,
Que dilema
O meu?
Fujo,
Mas não sou eu
O que te quer
Encontrar
Para ter
Saudades
Do que nunca
Aconteceu….
Vi
Com um véu
A tua silhueta
De través
Como se fosses
Cometa
No meu céu…
E quero-te
No intervalo
Do tempo
Em que te vejo
E te desejo
Como desenho
Do que não és
Mas queres ser
Para que eu
Nunca te possa
Perder…
Ilustração: Rosto, de Filipa Antunes. Desenho (inédito) a grafite 9B e aguarela, Julho de 2017