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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Cavaco: Um Discurso Contra os Interesses Nacionais

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica


Cavaco fez esta tarde um discurso anti-patriótico e atentatório dos interesses nacionais portugueses. Mais uma vez, fugiu-lhe o pé para a chinela da sua vulgata ideológica. Cavaco comporta-se (sempre se comportou) como chefe de clã e é incapaz (sempre o foi) de se elevar ao estatuto de homem de Estado. Nunca foi capaz de ver para além do pequeno interesse do seu clã (que dissimulou atrás de banalidades de uma velha “sebenta de Económicas”) e sempre se mostrou impotente para alcançar uma visão do interesse nacional. Na despedida, confirma todas as piores suspeitas. Uma tristeza.

Cavaco Silva deixou claro na sua intervenção que este Executivo não vai de encontro às condições que tinha traçado e afirmou mesmo que a carta de compromisso enviada pelo secretário-geral socialista antes da indigitação não dissipou dúvidas sobre a estabilidade do Governo e dos acordos de apoio parlamentar assinados com o PCP, BE e PEV. Isto é uma criação gratuita de perigosos factores de instabilidade que será lida pelas instâncias internacionais (políticas, financeiras e económicas) como o aparecimento à luz do dia de uma “guerra civil” no interior do Estado português. Muito grave.

CAVACO E COSTA - DE COSTAS VOLTADASComo se não bastasse, o ainda Presidente fez questão de ameaçar António Costa com os poderes que lhe restam e que, sublinha ele, lhe permitem demitir o Governo. Uma declaração de guerra, depois da criação da instabilidade e da criação de um clima de guerra civil. Cavaco, em vez de fazer um discurso de Estado e de unidade nacional face às dificuldades criadas pela crise, opta por uma “guerra civil” e avisa Costa de que não vai “abdicar de nenhum dos poderes” que a lei lhe atribuiu, como o de demitir o Governo. Até 9 de Março, fim do seu mandato, apenas um poder lhe está retirado, diz ele, o de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições. Não foi um Presidente da República a discursar, foi o “patrão” de um PSD ressabiado. Lamentável.

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