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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

Entraves às candidaturas independentes

Joaquim Jorge, no Porto
Joaquim Jorge, no Porto
Biólogo, Fundador do Clube dos Pensadores

O dever de uma democracia plena é aproximar as exigências das candidaturas de cidadãos eleitores às dos partidos, evitando cair-se numa partidocracia.

Joaquim Jorge

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma que simplificou a apresentação de candidaturas por grupos de cidadãos. Mas admitiu que não se foi tão longe quanto seria desejável.

As alterações mais importantes

  1. As listas de candidatos para os órgãos das autarquias são propostos por um número de cidadãos eleitores correspondente a 3% dos eleitores inscritos no respectivo recenseamento eleitoral;
  2. As candidaturas de independentes passam a poder utilizar sigla e símbolo, que não pode confundir-se com a simbologia de partidos, coligações ou outros grupos de cidadãos, deixando de ser identificada apenas pela actual numeração romana;
  3. As listas de candidatos propostas por cidadãos eleitores também passam a poder ser alteradas, por substituição de candidato quando se verifique a morte, desistência ou inelegibilidade dos candidatos, até um terço dos candidatos efectivos, sem que implique a reapresentação da declaração de propositada.

Soube a muito pouco. Há todo o tipo de entraves e dificuldades: reunir as assinaturas necessárias para ser candidato (nas grandes cidades são 4.000 à Câmara Municipal + 4000 à Assembleia Municipal + à volta de 1000 à Assembleia de Freguesia), conseguir financiamento, pagar uma taxa de IVA de 23%, entre outros.

Os partidos continuam em larga vantagem: não têm que reunir assinaturas, são subvencionados pelo Estado, têm benefícios fiscais (IRC e IVA), entre outros.

É um absurdo complicar e aplicar entraves à recolha de assinaturas. As listas de candidatos só estão completas no momento da subscrição. É no momento da entrega da lista que se concretizam os candidatos e não antes. Uma candidatura é uma tarefa ciclópica equivalente à formação de um partido, não tem nexo nenhum. Um partido é para toda a vida, uma candidatura esgota-se no dia das eleições.

Exemplos…

Em Oeiras, Paulo Vistas não vê com bons olhos o seu mentor Isaltino Morais. E o juiz ajuda… No Porto, o PSD tenta ganhar na secretaria as eleições que vai perder no dia 1 de Outubro, alegando que Rui Moreira usa o nome partido.

A nossa democracia não é para democratas, é só para os senhores dos partidos que fazem as leis a seu bel-prazer e, quando vêem que essa lei, apesar de todos os entraves, consegue fazer eleger independentes, tenta de outra forma obstaculizar os independentes.

A partidocracia no seu melhor, ajudada pela CNE (Comissão Nacional de Eleições) e juízes zelosos da sua função.

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