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Terça-feira, Novembro 5, 2024

Retrospectiva clássica: Joseph Losey

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

A mostra ‘donostiarra’ oferece todos os anos um ciclo, tão completo quanto possível, dedicado a um realizador que tendo tido uma importância relevante caiu, entretanto, num injusto esquecimento. É uma oportunidade para os cinéfilos das gerações mais jovens conhecerem grandes nomes do passado.A lista dos ‘recordados’ é extensa mas, a título de exemplo, referimos alguns:  William Dieterle, William Wellman, Mikio Naruse, Carol Reed, Michael Powell, Anthony Mann, Ernst Lubitsch, Mario Monicelli ou Jacques Becker.

Joseph Losey

Nesta edição o eleito foi Joseph Losey, para muitos um importante cineasta britânico dos anos 60 e 70 do século passado. Mas…
… Joseph Losey nasceu no Wisconsin (Estados Unidos) em 1909 e foi no seu país natal que que teve a primeira fase da sua carreira até que, em 1947, começou a ser vítima da ‘caça às bruxas’ que assolou Hollywood no período que sucedeu à 2ª Guerra Mundial. Confessadamente um homem de esquerda, tinha posto em cena no teatro obras de Bertold Brecht e vivido e estudado teatro na União Soviética. No ínicio da sua carreira, nos Estados Unidos, assinou alguns filmes ideologicamente comprometidos (por exemplo, “O Rapaz dos Cabelos Verdes”, “O Foragido” ou o remake de “M” de Fritz Lang”) e os últimos trabalhos feitos na sua pátria natal foram já feitos sob pseudónimo.

Sem trabalho, e acusado de pertencer ao Partido Comunista norte-americano, no início dos anos 50 fez o percurso inverso do de grandes cineastas europeus que tinham fugido do nazismo e encontrado abrigo no ‘Novo Continente’. Losey saiu da sua terra e foi para Inglaterra onde se converteria num dos maiores nomes do chamado ‘cinema de autor’.

 “O Criado” (1963), “Modesty Blaise / A mulher detective” (1966), “O acidente”(1967), “Dois vultos na paisagem” (1970), “O Mensageiro” (1970), “O Assassinato de Trotsky” (1972), “A Casa da Boneca” (1973), “A Inglesa Romântica” (1975) ou “Um Homem na Sombra” (1976) são alguns dos títulos dessa época, parte deles fruto da colaboração com o dramaturgo Harold Pinter.

Losey teve ainda uma outra fase na sua carreira, a final, na qual pôde realizar alguns filmes com produção italiana, francesa e espanhola. Em 1978 filmaria “Les Routes du sud”, continuação de “A Guerra acabou” de Alain Resnais, com Yves Montand no papel de exilado espanhol em permanente conflito ideológico.

A Inglesa Romântica

“A Inglesa Romântica” (1975)

Na apresentação deste ciclo, organizado em colaboração com a Filmoteca Espanhola, o Festival de San Sebastán fez questão de lembrar a difícil relação do certame com este cineasta durante a ditadura franquista. Com alguns dos seus filmes exibidos em secções informativas, “A Inglesa Romântica” foi seleccionado para a competição em 1975 mas tanto o realizador como a actriz Glenda Jackson não compareceram em San Sebastián em protesto pelas últimas sentenças de morte assinadas pelo ditador Francisco Franco.

Joseph Losey morreu em 1984.

 

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