Poema de João de Almeida Santos
para um ROSTO (inédito) de Filipa AntunesO LAGO!
Vi teu rosto
Nesse lago
Do jardim
Onde passava…
Com os olhos
Te gravei
Na memória
Dos afectos…
Eras tu,
Num puro
Acaso,
Com água
Por companhia…
…………
Caíra luz
No teu rosto
Na beleza
Desse dia!
Sorri-te
E disse: – Olá!
Com estudada
Malícia
Me devolveste
A pergunta:
– Também tu
Andas por cá?
– Sim!
Passei
Por aqui
À procura
De mim,
Esperava
Encontrar-te
Neste jardim
P’ra melhor
Me poder ver…
………
Assim!
Sentei-me,
Depois,
A teu lado,
Olhei-te
De frente,
Ali…
Li-te na alma,
Encantado,
Tudo aquilo
Que senti
Nesse momento
Feliz
Do dia
Em que te vi!
Tuas cores
Eram brilhantes
Gotas d’água
Que caíam
Nesse lago
Do encontro
Onde teu rosto
Se via
Em beleza
Comovida
Que a água
Me devolvia…
Li-te
Um poema
D’amor
Em palavras
Sincopadas
Que choviam
Sobre ti
Como gotas
Nesse lago
Espelhadas,
Iluminando
O teu rosto
Como raios
De cristal
Ou de pérolas
Douradas…
Ofereceste
O teu perfil
Por uns
Escassos
Momentos
P’ra melhor
Te desenhar
Na memória
Dos afectos…
………………..
Que, por vezes,
São tormentos!
Fiquei
Feliz
De te ver
Luminosa
Em beleza
Olhar teu rosto
É viver
Sentir na vida
Leveza
Voar p’ra dentro
De mim.
Contigo
Como certeza…
Ilustração: ROSTO (inédito) de Filipa Antunes (Aguarela, tinta-da-china e pastel seco. Setembro de 2017)