(1921 – 2015)
António Goucha Soares nasceu em Rio Maior, a 10 de Junho de 1921. Era ainda muito jovem quando tirou o curso de Regente Agrícola, em Santarém.
Em 1950 entrou para a Faculdade de Direito de Lisboa onde se licenciou em 1955, em regime de aluno voluntário, expressão então usada para designar os estudantes trabalhadores. Cedo iniciou a sua militância cívica e política, que iria ser uma marca da forma persistente e corajosa como exerceu a cidadania. Goucha Soares integrou-se na Resistência contra o regime do Estado Novo, desde a campanha eleitoral do General Humberto Delgado (1958), em que se envolveu, até ao Movimento da Oposição CDE, de 1969 a 1973, em que militou activamente.
Defesa dos presos políticos
Advogado durante várias décadas, o seu nome ficou ligado à defesa de numerosos presos políticos[1]. .
Após o 25 de Abril de 1974, foi candidato a deputado nas primeiras eleições, para a Assembleia Constituinte, pelo MDP/CDE, e foi dirigente deste partido político até ao início da década de 80. Abandonou a sua direcção (juntamente com outros dirigentes), por discordar de que concorresse às eleições coligado com o PCP na APU.
Em 1975 pertenceu à direcção do MUTI (Movimento unitário de trabalhadores intelectuais para a defesa da Revolução)[2].
Publicações
Nas décadas de 1960 e 1970 manteve uma coluna de consulta jurídica na revista Vida Rural, tendo publicado vários estudos de Direito nessa área, entre os quais, «Arrendamento Rural: Dec-lei Nº 201/75», (com o juiz conselheiro Victor Sá Pereira e com José Nunes Melro, Petrony), 1976, Lisboa; «Guia das Expropriações, Solos e Construção», com Victor Sá Pereira, Livros Horizonte, 1982.
Publicou os livros «Os militares e o direito de defesa: o caso do Capitão Andrade da Silva», edição de autor, Lisboa, 1978; «Não se fez justiça: caso do Capitão Andrade da Silva: peças do processo no 142/M/76 do 3ºTribunal Militar Territorial de Lisboa», em parceria com o colega Xencora Camotim (1921-2014), um advogado igualmente defensor dos presos políticos.
A partir da década de 80, António Goucha Soares foi desenvolvendo e alimentando um interesse muito especial pela figura do historiador e humanista Damião de Góis (1502 – 1574), numa entrega que levou até aos últimos tempos da sua vida.
Era casado com Maria Manuela Marques Nogueira e pai da jornalista Manuela Goucha Soares, e do professor catedrático de Direito, António Goucha Soares, autor de uma vasta obra na área do Direito Comunitário.
[1] Foi um dos corajosos 150 advogados homenageados na Assembleia da República, em Janeiro de 2014, pelo Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, Assembleia da República e Ordem dos Advogados.
[2] Várias personalidades de diversas manifestações artísticas constituíram o “Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais para Defesa da Revolução” (MUTI): Bernardo Santareno, Fernando Lopes Graça, Lília da Fonseca, Rui Mário Gonçalves, Manuel da Fonseca, Alexandre Babo, Fernando Tordo, José Gomes Ferreira, Ary dos Santos, entre outros, discutiram o papel do “intelectual” na revolução e publicaram um manifesto, que lançaram numa conferência de imprensa que contou com a presença de quatro centenas de personalidades.
Dados biográficos:
- Liberdade e Cidadania: A humanidade ficou mais pobre. A eternidade recebe um homem.
- Página Global: BPN, BES, BANIF e etc. A globalização dos Al Capones à portuguesa
- RTP: Intelectuais na Revolução
Foto e alguns dados biográficos disponibilizados por Manuela Goucha Soares.