Fim de semana agitadíssimo em Riade: comunicado do rei, prisões de dignitários, acidente de helicóptero… E novo patrão à vista!
Altos dignitários do regime e até da família real presos às dezenas (mas estão no Ritz, calma!) e um insólito comunicado do rei Salman, distribuído sábado pela agência oficial, a anunciar a formação de uma comissão para investigar a corrupção, presidida pelo novo patrão do reino saudita, o príncipe Mohammed bin Salman, mais conhecido por MbS. Já no domingo, ontem, um (certamente) infeliz acidente liquidou, na queda de um heli, o príncipe Mansour bin Muqrin (vice-governador da região de Asir) e vários dos seus colaboradores.
A comissão presidida por MbS irá monitorizar e investigar “as almas fracas que põem os seus interesses pessoais acima do interesse público”… Ora, sabendo-se que são muito obscuras as fronteiras entre os cofres públicos e os dos milhentos membros da família real e que a percepção comum é a de que a corrupção é regra não é muito difícil antecipar que MbS acabou de criar (com a concordância do doente rei Salman) o instrumento que lhe permitirá fazer o que quiser de quem quiser e abrir assim uma larga avenida para o trono.
Xi Jinping, na China, usou a corrupção para uma selvática guerra de informação que lhe permitiu liquidar todos os que considerou puderem ameaçá-lo directamente e imobilizar os que tivessem alguma veleidade. Mas fê-lo apenas depois de ter tomado o poder. MbS parece usar o tema “corrupção” para aplanar o seu caminho para o poder. A mesma coisa, o mesmo uso da “corrupção”, mas com nuances e tempos diferentes. Com humor, dir-se-ia, que o forte aumento da presença chinesa na Arábia Saudita já está a dar resultados…
Ao desencadear esta guerra aberta contra a nobreza do reino, MbS procura também a compreensão e o apoio da maioria da população, cansada do laxismo, tornando-se a figura popular de referência.