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João de Sousa

Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Until Dawn

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Until Dawn

PS4, SCEE, class: 18)

***

 

A relação entre cinema e videojogos tem andado de braços dados desde o momento em que os avanços tecnológicos permitiram uma reprodução mais ou menos fiel de personagens e de ambientes gráficos. Até porque em termos narrativos a indústria gaming nunca se desmereceu. No entanto, a ideia de viver um filme é bem mais recente. Mas depois dos estúdios da Sony terem aplicado a captura de movimentos e dado ao jogador a possibilidade de controlar uma personagem de uma forma humanizada poderemos dizer que esta fronteira passou a ser um espaço de livre circulação de ideias. Em Until Dawn exploramos os calafrios do survival horror cavalgando numa aproximação de A Casa na Floresta/Cabin in the Woods. Até porque já podemos beneficiar de um cast de actores reconhecidos, graças à reprodução lookalike. E graças à técnica de mo cap, com os movimentos de verdadeiros actores digitalizados no jogo, a indústria dos videojogos dá mais um passo em frente. É então uma reprodução de Peter Stormare muito eficaz que nos empurra para uma história de oito teenagers juntos numa cabina um ano depois dos eventos vividos na intro do jogo, em que duas gémeas têm um destino cruel.Until-Dawn2

Ao jogador cabe o destino de uma personagem, conduzindo-a nos espaços, interagindo com objectos reluzentes e as diferentes personalidades dos amigos, mas cabendo-lhe também a possibilidade de fazer escolhas que acabam por determinar as acções subsequentes. Pena é ficarmos, de certa forma, limitados a um conjunto limitado de opções, mas ainda assim não nos queixamos pelo bem do desenrolar da história (tem de ser até de madrugada, lembram-se?). Até porque há um sem número de segredos para descobrir e aliciar a intriga. Pelo caminho encontrará totens que facilitam a escolha a evitam mortes desnecessárias dos amigos. Ainda que, garantem-nos, é possível terminar o jogo mantendo com vida as oito personagens. Mas ainda que o inverso seja também possível… Tudo graças ao ‘efeito borboleta’, o tal fenómeno de pequenos efeitos para grandes consequências. Basicamente, um efeito prático de não ajudar um amigo poderá revelar-se nefasto ao longo de grande parte do jogo na falta de colaboração desse elemento. Estes pontos permitem também ao utilizador poder regressar atrás de fazer escolhas diferentes para seguir um rumo alternativo da história.

Until-Dawn3Como referido, o rigor das personagens atingiu um nível sem precedentes. Assim, e para além da presença visual do actor Peter Stormare (Fargo, O Grande Lebowski), bem como Rami Malek (quem não viu na série Mr. Robot não sabe o que perde) ou a carinha laroca, da sexy Hayden Panettiere (também na tv, Nashville ou Heroes), entre outros. Embora a versão com as vozes portuguesas (Pedro Teixeira, Jessica Athayde ou Rui Porto Nunes) seja uma alternativa ao mesmo nível da versão original. Esta proximidade com personagens reais acaba por propiciar um envolvimento suplementar, ainda que a sensação de alguma previsibilidade nos retire algum susto maior. Mas eles existem, oh sim, pois, trata-se de um survival horror. Algumas mortes horrendas, muitas vezes aliadas a decisões do jogador.

Until Dawn não deixa de ser um jogo muito aliciante, no entanto a limitação de liberdade, alguma lentidão de movimentos, que limitam sobretudo a possibilidade de voltar a jogar, bem como a previsibilidade da história, retiram-lhe a coroa de um título de excepção. Por isso mesmo, Until Dawn fica como um título especialmente indicado a jogadores ou curiosos interessados em seguir uma história como se de um filme de terror se tratasse. Mas complicado será seduzir os adeptos da acção rápida e, claro, o dedo no gatilho.

Nota: A nossa opinião (de * a *****)

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