O Presidente tinha comentado, retirando-as de contexto e em estilo de reprimenda, as palavras de António Costa em Bruxelas sobre a situação financeira do País, em que o primeiro-ministro se referiu a 2017 como “um ano particularmente saboroso para Portugal”. O Presidente veio contrapôr às palavras do primeiro-ministro a tragédia dos incêndios, voltando a criar a ideia de “insensibilidade” de António Costa. Desta vez, o primeiro-ministro não deixou o Presidente sem resposta e fê-lo, como não podia deixar de ser, com firmeza e rigor:
Segundo o Expresso, as palavras do primeiro-ministro em Bruxelas tiveram eco e caíram mal na Associação das Vítimas de Pedrógão Grande. E assim quando questionada pelo jornal sobre a ausência do primeiro-ministro da lista de convidados para o almoço de Natal, cujo “convidado de honra” é o Presidente Marcelo, a presidente da Associação, Nadia Piaza, respondeu : “Nós convidamos as pessoas que nos ajudaram”.
Trata-se de uma resposta obviamente influenciada pelos comentários do Presidente, no mínimo infeliz, para além do significado político que obviamente também tem, constituindo uma manifestação de azedume, inexplicável.
Naturalmente que a Associação convida quem quer para os seus almoços e nem seria expectável que o primeiro-ministro estivesse na “lista de convidados”, estando o Presidente. Mas a resposta de Nadia Piaza é pouco natural e pouco polida, a não ser que tenha motivos objectivos que não concretizou. Aliás, na reunião de hoje com a Associação, o primeiro-ministro anunciou que o IVA da reconstrução das casas afectadas pelos fogos de Junho vai reverter para o Fundo Revita tal como já se fez com as chamadas de valor acrescentado.
O primeiro-ministro não deixou também sem resposta a “pressa” do Presidente e as expectativas por ele criadas de que as casas destruídas pelos incêndios de Pedrógão estariam reconstruídas no Natal. E, hoje, António Costa disse:
Como se nada tivesse dito antes, o Presidente veio agora dizer que “só depois de visitar novamente a região centro é que pode fazer um balanço da recontrução das habitações afetadas pelos incêndios.”
António Costa tem feito bem em não reagir ao hiper-activismo verbal, por vezes provocatório, do Presidente. Mas há momentos em que calar e não reagir se torna insustentável. Foi desta vez o caso.
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