(N. 1948)
Dirigente do movimento estudantil, tornou-se depois militante activo da Oposição Democrática ao regime fascista, pelo que foi perseguido pelas suas actividades. Dedicou-se empenhadamente à organização das CDEs, nas legislativas de 1969. Em 1973 foi um dos fundadores do PS.
Biografia
António Fernando Marques Ribeiro Reis nasceu em Lisboa a 9 de Maio de 1948. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Friburgo, Suíça, e doutorou-se em História na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Foi redactor da revista O Tempo e o Modo e, entre 1969 e 1974, redactor da Seara Nova. Pertenceu à direcção do Centro Nacional de Cultura.
Em 1968/69 participou, desde o início, em Lisboa, na organização do Movimento Democrático Eleitoral (CDE), sendo então candidato da CDE na lista de Santarém.
Em Maio de 1972, foi um dos subscritores de um manifesto intitulado «A Situação Política Portuguesa e o Fracasso do Reformismo», apreendido pela DGS, e por isso interrogado. Juntamente com Francisco Monteiro Curto e Mário Sottomayor Cardia, redigiu, em Junho e Julho de 1973, os documentos programáticos do Partido Socialista, de que foi co-fundador. Também em 1973, fez parte da comissão nacional do III Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro. Mais tarde, foi Director-Adjunto da Revista de Reflexão e Crítica “Finisterra”.
António Reis e o jornalista Fernando Correia na Seara Nova
«Se fosse necessário dar a vida, daria»
Como oficial miliciano, participou na preparação e execução da operação militar que pôs termo à Ditadura em 25 de Abril de 1974, tendo integrado o destacamento da Escola Prática de Administração Militar que ocupou os estúdios da RTP.
Antes de sair de casa ouvi um poema do Aragon, um canto da resistência, em França. Esse poema deu-me imensa força, “L’affiche Rouge”. Fala de um grupo de partisans que é executado pelos nazis diante do cartaz. Era isso que eu sentia. Estava disposto a ter eventualmente o mesmo destino que os partisans. Era um tudo ou nada. Também sentia dificuldade em imaginar-me derrotado… Se fosse necessário dar a vida, daria. Foi a grande situação limite que vivi na minha vida.»
Disse numa entrevista, a propósito da ocupação da RTP no dia da Revolução
Grupo de «seareiros» comemoram os 50 anos da Seara Nova, em Outubro 1971, Coimbrão. Da esquerda para a direita: Orlando Costa, Alberto Pedroso, Mário Sotto Mayor Cardia, Luís Salgado Matos, José Manuel Tengarrinha, António Melo, Vasco Martins, Carlos Prazeres Ferreira, M. Ricardo, António Reis, Mário Sena Lopes, Mário Ventura Henriques, Alberto Ferreira e Armando Leal (o anfitrião).
Cargos políticos
Após o 25 de Abril de 1974, desempenhou vários cargos políticos:
- Deputado do PS à Assembleia Constituinte; Deputado na Assembleia da República (1976-1983 nas I, II, e III legislaturas) e, de 1995-2002 (VII e VIII legislaturas), foi Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, Presidente da Comissão Parlamentar de Ética e Presidente da Delegação portuguesa à Assembleia da OSCE.
- Fez parte do II Governo Constitucional (1978) como Secretário de Estado da Cultura.
- Foi membro do Conselho de Imprensa, entre 1980 e 1982, e posteriormente à sua passagem pela RTP, foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social entre 1991 e 1994.
- Integrou o comité de especialistas escolhido pelo Parlamento Europeu para orientar a criação da futura Casa da História Europeia.
Obras publicadas e outros cargos
É doutorado em História (especialidade História Cultural e das Mentalidades Contemporâneas) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma dissertação intitulada Raúl Proença – Biografia de um Intelectual Político Republicano. Foi professor da disciplina de Filosofia Moderna e Contemporânea no Instituto Superior de Estudos Teológicos.
Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e presidente do Instituto de História Contemporânea daquela universidade de 1993 a 1995, foi responsável pelo Seminário de História Cultural e das Mentalidades do Mestrado de História Contemporânea (secção século XX). De entre as suas obras, destacam-se: O Marxismo e a Revolução Portuguesa (Lisboa, 1979), Portugal Contemporâneo (1820-1992) (Lisboa, 1990-1993), Portugal, 20 anos de Democracia (Lisboa, 1994) e Raúl Proença, Biografia de um Intelectual Político Republicano (2 vols., Lisboa, 2003). Reformou-se em 2005.
Maçon
Em Junho de 2005, foi eleito pela primeira vez Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano-Maçonaria Portuguesa, tendo sido reeleito em 2008.
A 25 de Abril de 2004 foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Dados biográficos:
- “Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973). Um Dicionário. de Luís Reis Torgal e Mário Matos e Lemos. Texto Editores, Novembro de 2009
- Wikipédia: António Reis (professor)
- Anabela Mota Ribeiro: António Reis