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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

O Poeta!

João de Almeida Santos
João de Almeida Santos
Director da Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração e do Departamento de Ciência Política, Segurança e Relações Internacionais da ULHT

Poema de João de Almeida Santos.
Ilustração: inédito de Ana de Sousa para este poema.

O Poeta!

– Vi-te, brilhante,
chegar.
Como sempre,
Estremeci!
De longe,
O meu olhar
Pousou,
Sofrido,
Em ti!

– Deixei de ouvir
O rumor.
Tudo à volta
Se esbateu.
Entrou em cena
O poeta,
Foi p’ra ti que
Ele nasceu!

O poeta
Não tem palco
Porque ela
Lho tirou,
Conta, por isso,
Estórias
Que para si
Inventou!

Chove-lhe
Na fantasia
Esse amor
Que nunca teve,
Desenha, depois,
Em palavras
Belos bonecos
De neve!

Mas desfazem-se
Ao sol,
Derretem-se
Com o seu brilho,
É poeta
Desnudado,
Perde o rumo,
Sai do trilho,
Cai em tristeza,
Calado…

E ruma à poesia…
Leva-a, então,
No regaço
E com poemas
A chama
Lá de cima
Do terraço
P’ra se curar
Do seu drama!

Mas ela
Não lhe responde,
Fica muda,
Olhar baço…
…………………
E ele, com alma
Vazia,
Lá vagueia
No jardim,
Em triste
Melancolia,
Respirando
O aroma
Do seu eterno
Jasmim.

E o poeta
Resiste…
De poema
Em poema
Vai construindo
Futuro,
Alimenta
Sua alma
Num percurso
Do mais puro
Onde a palavra
Liberta
Desse vazio
Escuro
Onde a solidão
Mais aperta!

Meu amor,
Não tens
Saudades,
Não sentes
Falta de mim?
Vais por caminho
Estreito,
Colorido,
Isso sim,
Mas a arte
É mais que jeito,
Não é flor,
É jardim,
Clama por fantasia,
Ouve a voz
De um passado,
Não é mar,
É maresia
E da vida
É mais que
Fado,
Não é prosa,
É poesia…
……………
Que te lanço
Deste lado!

Eu tenho
Saudades,
Sim,
Gosto de ti
Porque canto,
Mas já não vejo
O que vi
Nesta minha
Poesia!
Se te sinto
É em pranto,
No choro
Daquele dia!

Sinto-te,
Debruçado,
Nesta humilde
Janela,
Em seus vidros
Te revejo
E me digo
Com espanto:
“ – É mesmo ela!”

Não tens
Saudades
De comigo
Caminhar
Lado a lado
Na rua
Do desencontro,
De em arte
Namorar
Com palavras
E com riscos
À procura de beleza
Num embalo
De sonhar?

Eu tenho
Saudades,
Sim,
Nostalgia
De te ver,
Pois perdi
O teu olhar,
Caí em
Melancolia
Por não te poder
Cantar
Ao som
Dessa tua
Melodia…
…………
Mas vejo
Que continuas
Na senda
Da fantasia
E por isso
Hei-de
Encontrar-te…
…………..
Só não sei
Qual é o dia…

Porque te foste,
Mulher?


Ilustração: inédito de Ana de Sousa para este poema. 21.01.2018

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