Os dias de Pedro Nunes à frente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) devem estar contados. Os socialistas parecem estar a fazer o cerco que vai resultar na sua saída daquelas funções. Recentemente, foram aprovadas duas moções muito críticas em relação à forma como funcionam os hospitais que dirige, nas assembleias municipais de Faro e Tavira que, apresentadas pelo PS, acabaram por merecer apoio unânime dos eleitos locais.
Um outro passo nesta estratégia deverá ser a visita que a Comissão Parlamentar de Saúde se prepara para fazer ao Algarve, ainda este mês. A deslocação foi proposta pelo deputado socialista Luís Graça, que quer mostrar aos seus colegas daquela comissão o estado, que qualifica como de “ruptura”, em que se encontram alguns dos serviços que compõem o Centro Hospitalar do Algarve.
Pedro Nunes foi nomeado, em Dezembro de 2011, pelo governo PSD/CDS, primeiro para liderar o Hospital de Faro e, cerca de ano e meio mais tarde, para ficar à frente do CHA, que surgiu através da fusão dos hospitais de Faro e do Barlavento. Esta fusão teve como consequência uma restruturação, que levou ao fecho de algumas valências em Portimão, transferindo-as para o Hospital de Faro. A falta de especialistas foi a justificação dada pelo administrador, que defende ser melhor ter um bom serviço num dos hospitais do que ter uma má prestação de cuidados de saúde em ambos.
Argumentos que não convenceram muita gente, em especial a então candidata do PS à presidência da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, que, em período de campanha eleitoral, colocou uma providência cautelar a exigir a reposição dos serviços retirados do Hospital do Barlavento. Já na condição de presidente da autarquia viu o Tribunal dar-lhe razão, mas acusa Pedro Nunes de não ter cumprido essa sentença. A relação entre os dois começou mal e nunca melhorou. Bem pelo contrário, nos últimos dois anos têm-se sucedido os episódios que levam a que o ambiente entre ambos seja de autêntica guerra aberta. Isilda Gomes não perde uma oportunidade para se ‘atirar’ a Pedro Nunes que, em resposta, diz que a autarca “não sabe do que fala”.
Na última campanha eleitoral, os socialistas levaram a Portimão o responsável pelo sector da Saúde do PS, a nível nacional, Adalberto Campos Fernandes, que, entretanto, como se sabe, foi nomeado ministro da Saúde. A sessão em que participou teve como objectivo colocá-lo a par dos problemas do sector na região. Mas, no final, ao meter-se no carro para regressar a Lisboa, só pode ter resumido o quer ouviu com uma frase: se for o próximo ministro da Saúde não se esqueça de despedir Pedro Nunes.