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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Pat Metheny: Um universo de cordas

José Alberto Pereira
José Alberto Pereira
Professor Universitário, Formador Consultor e Mestre em Gestão

Na sua vontade de assinalar o meu dia de anos com um presente para eu não esquecer, o meu filho pôs a criatividade a funcionar e deu-me há uns anos uma das prendas mais engraçadas que já recebi: desviou sorrateiramente os CD de Pat Metheny da discoteca lá de casa e, na passagem deste artista por Lisboa, foi a uma sessão de autógrafos e voltou com as capas todas assinadas. Que bela prenda!Pat Metheny, porquê a preferência? Por 3 razões fundamentais: a criatividade caleidoscópica, o virtuosismo interpretativo e o poder renovador da guitarra no jazz. De uma forma particular, 3 características bem ao jeito das que mais admiro nos jovens.

Pat Metheny nasceu em Kansas City, Missouri, a 12 de Agosto de 1954. Iniciou os seus estudos musicais no trompete com 8 anos mas aos doze, influenciado pelo som de Wes Montgomery, mudou de instrumento e começou a estudar guitarra. Excelente aluno e com elevado potencial de evolução, aos 15 anos já tocava com alguns dos melhores músicos de jazz de Kansas City. Em 1974, com 18 anos, foi o professor mais novo de sempre a leccionar na Universidade de Miami. Em 1976 fez o mesmo no reputado Berklee College of Music, onde receberia um doutoramento honoris causa 20 anos mais tarde.

O reconhecimento internacional surge em 1974, quando integra o grupo do vibrafonista Gary Burton. Com ele grava alguns trabalhos para a ECM até lançar, em 1976, o seu primeiro trabalho a solo na mesma editora. O álbum chama-se “Bright Size Life” e dela a crítica salienta a forma como Pat reinventa o som tradicional da guitarra de jazz, considerando-o como a vanguarda de uma nova geração de guitarristas. Esta característica não mais o irá abandonar, continuando ao longo da carreira a renovar as fronteiras e potencialidades do instrumento, a sua capacidade sonora e o improviso.

 

Pat Metheny tem tocado com grandes nomes do jazz, da bossa e do rock, tais como Tom Jobim, Milton Nascimento, Michael Brecker, Jaco Pastorius, Ornette Coleman, Herbie Hancock, David Bowie ou Joni Mitchell. No entanto, a sua principal colaboração foi com Lyle Mays, um teclista do Wisconsin com quem formou em 1977 o Pat Metheny Group. Esta parceria prolonga-se há mais de 30 anos e começou logo no segundo trabalho de Pat, gravado em 1978 e intitulado “Pat Metheny Group”.

O som do Pat Metheny Group é quente e cheio, repleto de influências que cruzam continentes (África, Ásia, América do Sul, Oceânia). A linha criativa do grupo gravita entre o jazz e o rock, numa área de fusão que não esquece a world music. Aberto a todo o tipo de influências, pesquisador inveterado e inovador incontornável, Pat Metheny é uma referência que extravasa o jazz e uma figura-chave da guitarra e da música instrumental nos últimos 40 anos. A sua obra inclui composições para guitarra solo, instrumentos eléctricos e acústicos, grandes orquestras, ballets e bandas sonoras de filmes. A sua discografia oficial inclui 80 álbuns, entre trabalhos a solo ou com o grupo, bandas sonoras, parcerias e participações. Já ganhou 20 Grammys e outros 10 prémios, sendo de destacar o doutoramento honoris causa pelo Berklee College of Music.

Para além da sua intensa vida artística, dentro ou fora do jazz, Pat continua a tocar, estudar e viajar quase ininterruptamente. Gosta de tocar com os filhos e com o seu irmão e trompetista Mike Metheny. Quando pode passa pela Metheny Music Foundation, onde se sente em família, ensina música e descansa das suas mais de 200 viagens anuais, média que mantém desde 1974. Como professor colabora com o Dutch Royal Conservatory, o Thelonious Monk Institute of Jazz e outras instituições.

A sua tournée de 2018 chama-se “An Evening with Pat Metheny” e vai passar pelo nosso País, com concertos agendados entre 28 de junho e 1 de julho na Figueira da Foz, Lisboa, Castelo Branco e Porto. Será uma nova oportunidade para assistir à exibição deste virtuoso guitarrista, uma das estrelas mais cintilantes da constelação do jazz.

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