Não sei se alguma vez ouviram falar das nove musas. Creio que, por exemplo, o recém banido Pedro Passos Coelho, não faz a menor ideia de quem seja Calíope, mesmo sendo ele barítono e a deusa a da bela voz, até porque Calíope era a deusa da eloquência. Esqueçam, não pensem que seja esse um atributo do mais nefasto dos primeiros-ministros da história recente da Europa. Eloquência era o que mais lhe faltava.
É claro que eu prefiro Clio, a musa proclamadora, a musa da História, que transporta nas imagens que a representam um pergaminho, parcialmente aberto, porque não está completo, a história nunca está completa, mesmo quando alguém a quer esmagar – foi o caso de pobre Pedro Passos e das suas arrogâncias antipatrióticas, rendendo-se e submetendo-se a uma Europa com interesses bem definidos, que queria relançar a sua economia perdida à custa dos pequenos países, impondo-lhes castigos severos e o falso complexo de culpa de ter vivido acima das suas posses, quando as suas pobres posses estavam a ser desviadas para a corrupção e para os corruptores, desses que criam empresas fantasma, para as quais pedem subsídios de monta, que nunca aplicam a não ser em proveito dos seus donos e habilidosos sócios.
Seria má língua, tonta forma, dizer que alguns dos que traíram Portugal meteram ao bolso subsídios europeus durante anos, a coberto dessas fantásticas administrações cavaquistas, que criaram os boys que bem conhecemos.
O regabofe laranja. O despesismo laranja. As casas de verão, as ações, as nogiacatas, os jipes, os offshores, a destruição das pescas, da indústria, da agricultura, os buracos que mais tarde empurrariam o País para a simulação de uma bancarrota ainda virtual, bom argumento para ir ao bolso dos mais pobres. A cada um, a sua consciência… E depois…A culpa é sempre do outro menino (política do bibe sujo).
É claro que nisto das musas, prefiro ainda Erato, musa amável, que transporta uma pequena lírica e quantifica a poesia lírica. É uma musa da qual homens como Coelho – ou AnibHálito, ou Dias Loureiro, ou Oliveira Costa, ou Duarte Lima, ou Relvas, ou Negrão, ou Montenegro, ou tantos outros, – nunca ouviram falar.
Como Melpómene, a que se esconde atrás de uma máscara trágica, porque as coligações dos homens, essas, levam à tragédia, Passos que o Diga, com o seu amigo Paulo, que não foi, sem dúvida, talhado para o convívio com as deusas.
Das nove musas, há ainda Polímnia, figura velada. Assunção Cristas teria muito a aprender com ela. E Tália, que não sendo de muitos hinos como Polímnia, faz brotar as flores – o oposto daquela das Finanças que penteava os longos cabelos de modo a deixar as orelhas de fora ou o outro, o ministro sonolento, que levava a economia para o abismo. Felizmente, Tália, das musas, usa uma máscara cómica – e um bastão, que, punidor, porá alguns coelhos na ordem, mandando-os para tocas sugestivas.
Temos também a musa Terpsicore, a rodopiante, a da dança, com a sua lira preparada. Felizes dos que voltaram a dançar!
Por fim, a musa Urânia, a celestial, a da astronomia, que se faz acompanhar do globo celestial e do compasso. Cuidado com as mãos que arrebatam o compasso. Ele existe para tornar cósmico o pequeno ser inacabado que há em nós.
Tenho a certeza de que Passos, na sua imensa ignorância, nunca ouviu falar das nove musas e da sua simbologia. Nem delas nem de quase nada. Talvez de música pop dos anos 80, ou de audições para teatro de revista.
Dizem que vai dar aulas. E para a Universidade. Não seria melhor tê-las? Ou pediu equivalência?
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90