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João de Sousa

Domingo, Julho 28, 2024

Dançar é terapêutico

Ainda que agarrada a um corpo estranho, porque no salão os pares fazem-se… e uns chegam a completar-se por uma “eternidade”…Começamos timidamente quando o convidei para sambar e prontamente ele aceitou, pegou-me nas mãos olhou para os meus olhos e sorriu com cortesia, ajeitou-se posturando firmeza. Entrelaçou seu braço forte na minha cintura e puxou-me mais para si… eu queria que ele apertasse mais … mas éramos estranhos, apenas um par de dança… havia uma disparidade na altura eu 1,87 metros de altura e ele 1,70 metros mais ou menos… A música começou e logo a seguir um de nós, cresceu ou encolheu… não sei como foi, parecia magia. Dançamos numa perfeita sintonia, que denunciava cumplicidade ou um ensaio anterior… mas éramos dois corpos estranhos.

E a música soava… derramando sobre as nossas almas aquele bálsamo milagroso com sabor a liberdade… nha mulheré faz favoré me belisca aindéé para ver se eu não estou a sonharé… hoje é o dia…dia…

As que me conhecem devem estar a perguntar se não dancei o Habariaco, – É claro que não, primeiro é que para mim o Habariaco é um hino de amor e segundo porque só o danço com o vizinho bonitão.

No meio do salão lá estava ela. A mulher de amarelo, trajava dos pés à cabeça a cor do sol, e para mim a cor da alegria, e ela? Ela era exatamente a alegria do salão, dançava com uma nostalgia sem par, e agarrada a si mesma, seus passos denunciavam saudades e seus olhos uma transmissível alegria que se traduzia em dever cumprido. Era a mãe da noiva, só podia ser a mãe da noiva… mais tarde descobri que era a irmã da falecida mãe do noivo… está explicado, criar um filho não é fácil, imagina criar sobrinhos quando já tens os filhos que querias, e cria-los, forma-los e de bonos leva-los ao altar… transmitir valores, moldar personalidades e prepara-los para a vida. Tantos os filhos como os sobrinhos, são todos filhos que a vida nos dá. Educar e formar é a meta de todas as mães, mas não depende só delas mas também da própria vontade e ambição dos filhos.

Queria sussurrar-me qualquer coisa no ouvido, pediu que me baixasse. Ainda bem que não vim de saltos altos pensei senão não teria ninguém para dançar…

Enquanto uns se convergiam no amor outros se divergiam com atitudes egoístas. Mas a vida é isto mesmo, uns para a direita outros para a esquerda, assim se faz o equilíbrio, e isto não se justifica.

Baixei um pouco, ele alcançou meu ouvindo, respirou ansioso e disse: Esta noite eu só quero dançar contigo, não importa a altura, porque o amor não se mede aos palmos…

Sorri desconcertada e lisonjeada, disse que sim com os olhos e brindamos à nossa e à dos noivos, pois eram eles os culpados daquele terapêutico momento.

Hoje dóiem-me os pés…

Qual foi a ultima vez que você dançou? Quem foi o teu par? E como te sentiste? Ainda te lembras da música?

A autora escreve em PT Angola

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