Estudo nacional mostra que portugueses que vivem com diabetes sofrem um impacto negativo na sua saúde física e bem-estar emocional O estudo português DAWN 2 é o primeiro estudo nacional que analisa atitudes, desejos e necessidades na diabetes de pessoas que vivem com esta doença, bem como familiares e cuidadores. Desenvolvido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), com o apoio da Novo Nordisk, o trabalho envolveu cerca de 540 participantes, entre os quais pessoas com diabetes tipo 1 e 2, familiares e cuidadores.
Apesar de 68% das pessoas com diabetes tipo 1 e cerca de 40% das pessoas com diabetes tipo 2 considerarem que têm uma boa qualidade de vida, referem que a diabetes tem um impacto negativo na sua saúde física e bem estar emocional. Cerca de 63% das pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 (D1) e 49% das pessoas com diabetes tipo 2 (D2) sentem um impacto negativo na saúde física devido à sua doença. O bem-estar emocional é apontado como a segunda maior causa, com 56% e 42%, respectivamente. Cerca de 6 em cada 10 pessoas com diabetes referem estar preocupadas com o seu futuro e com a possibilidade de ocorrerem complicações sérias.
Relativamente à qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1, os portugueses apresentam uma percentagem bastante positiva: consideram que têm uma boa ou muito boa qualidade de vida (68%), valores muito próximos de países como a Dinamarca (61%) e melhores do que Espanha (51%). Já no que diz respeito à diabetes tipo 2, os portugueses sentem que têm uma pior qualidade de vida, comparativamente com Espanha e Dinamarca, por exemplo.
No que diz respeito à diabetes e a família, 64% dos familiares estão preocupados com o risco de ocorrência de hipoglicemias (descidas de açúcar no sangue) durante a noite. Mais de metade dos familiares sentem-se preocupados com o futuro e a possibilidade de a pessoa com quem vivem vir a desenvolver complicações graves. Mais de 80% dos familiares e cuidadores gostariam de saber como melhor apoiar as pessoas de quem cuidam, bem como consideram muito importante receber mais informação geral sobre a diabetes.
Para as pessoas com diabetes (PD) e seus familiares (F) também na sociedade há melhorias significativas a implementar, nomeadamente melhorar o diagnóstico e o tratamento precoce (92%), a acessibilidade a locais para comprarem alimentos saudáveis (PD-83%/F-82%), locais adaptados e seguros para praticarem actividade física (PD1-63%/PD2-72%/F-75%), locais de trabalho que facilitem a gestão da diabetes (PD1-65%/PD2-80%/F-75%) e ainda a aceitação das pessoas com diabetes como membros iguais da sociedade (PD1-55%/PD2-64%/F-60%).
A enfermeira Dulce do Ó, coordenadora do estudo da APDP, avança que: Os dados mostram que há ainda muitos aspectos que podem ser melhorados, tanto da parte da experiência das pessoas com diabetes, como dos seus familiares e cuidadores. Viver melhor com a diabetes pode contribuir para promover a qualidade de vida das pessoas e há uma necessidade de se melhorar o apoio aos familiares, para melhor compreenderem a sua intervenção no dia a dia da pessoa de quem cuidam. A sociedade tem também um papel muito importante para aumentar o apoio às pessoas que vivem com diabetes e suas famílias.”
Há um resultado bastante interessante a nosso ver, que está relacionado com o apoio na informação e na educação que as pessoas com diabetes, familiares e cuidadores gostariam de ver desenvolvido nos próximos tempos e que ainda não existe a nível nacional, que é a criação de uma linha de apoio. Esta resposta mostra que as pessoas procuram um acompanhamento para além das visitas regulares ao médico que facilite o acesso à informação, melhorando assim a sua qualidade de vida”
O estudo, que teve os dados recolhidos no primeiro semestre de 2017, integra o mesmo estudo a nível internacional que advém de uma rede de especialistas e organizações de 17 países, como a Federação Internacional de Diabetes (IDF), a Aliança das Organizações Internacionais de Doentes (IAPO) e agora também a APDP que iniciou em 2011 o projeto DAWN com o objetivo de aumentar o conhecimento e a sensibilização sobre as necessidades por satisfazer das pessoas com diabetes e dos seus familiares, para melhorar o diálogo e a colaboração e potenciar o envolvimento das pessoas, aumentando a autogestão e o apoio psicossocial no tratamento da diabetes.
Fonte: APDP e Novo Nordisk