A terceira edição do encontro “Associa-te”, inserido no plano de formação para associações culturais do concelho de Torres Vedras, teve este ano como tema “Como fomentar a participação cultural dos cidadãos?”.Segundo a Câmara Municipal, o “Associa-te” surgiu com o objectivo de dar a conhecer o trabalho desenvolvido pelas associações locais e nacionais, que operam no domínio da cultura, tendo o intuito de trazer a debate os constrangimentos e oportunidades que hoje se colocam às mesmas.
No encontro a vereadora Ana Umbelino sublinhou que esta iniciativa visa essencialmente a partilha de conhecimento e estimular o espírito de colaboração e de trabalho em rede entre as associações. Dstacou ainda o valor da participação do município e das associações do concelho no envolvimento dos cidadãos na programação das actividades culturais.
Como moderador, Gonçalo Oliveira, do Académico de Torres Vedras, lançou o mote para o tema em debate: como motivar as pessoas a participarem mais nos eventos culturais.Culpamos o público pela pouca participação, mas às vezes também precisamos de ver se a culpa não é da própria organização” Referiu.
Melhores acessos aos espaços culturais
A intervenção da primeira oradora veio precisamente ao encontro da inquietação de Gonçalo Oliveira. Mestre em museologia e directora executiva da Acesso Cultura, Maria Vlachou falou da experiência da associação cultural que dirige e que se dedica à promoção do acesso físico, social e intelectual a espaços e a ofertas culturais existentes.
“Há muitas coisas a fazer para levar as pessoas aos locais”, começou por dizer. A especialista enumerou as diversas barreiras (sociais, intelectuais, físicas, culturais ou psicológicas) que impedem o público de ir aos locais culturais. Desde a falta de dinheiro ao desconhecimento sobre o que devem vestir ou quando devem aplaudir, são várias as barreias identificadas. Mas “há vários exemplos de aproximação da produção artística da população”, frisou.
A falta de informação, uma linguagem muito fechada, a organização do espaço, a sinalética, a iluminação, a localização dos painéis informativos, as cores usadas nos cartazes ou as casas de banho, são alguns dos exemplos que contribuem para essas barreiras.
A associação Acesso Cultural pretende, por isso, encontrar soluções para esses impedimentos. Há casos de incentivos financeiros para o acesso à cultura (subsídios ou cartões de descontos, por exemplo). Mas há muito mais coisas que se podem fazer, como a criação de casas de banho para famílias ou para adultos como necessidades de higiene especial.
Largo do Intendente como exemplo
Marta Silva é a coordenadora artística da Associação SOU e directora do Largo Residências, no Intendente, em Lisboa, um projecto que funciona como uma cooperativa cultural. Falou sobre a intervenção num largo com uma reputação muito negativa, mas que tem vindo a mudar nos últimos 15 anos graças a uma nova configuração do espaço urbano.
A oradora falou de vários projectos de intervenção no Intendente, de combate ao isolamento de alguns residentes e a pessoas marginalizadas pela sociedade. Uma das acções foi levar ao Teatro Dona Maria um espectáculo interpretado por sem-abrigo e marginalizados. Outra iniciativa foi levar os funcionários da Junta de Freguesia a aprenderem música e a formarem uma banda com instrumentos compostos por objectos de higiene urbana.
Festival de Telheiras anima bairro
O último orador, Luís Keel Pereira, do Centro Convergência de Telheiras, falou da sua experiência como coordenador do Festival de Telheiras, que acontece anualmente naquele bairro da capital e já vai na nona edição.
Trata-se de um evento que tem lugar durante duas semanas e envolve a denominada “parceria local de Telheiras”. Reúne uma dezena de associações com sede no bairro, que em conjunto organizam um festival com diversas iniciativas, concertos musicais, feiras, cinema, workshops, provas desportivas e muitos outros eventos.