Nicolas Sarkozy antigo presidente de França foi detido esta terça-feira, 20 de Março para interrogatório na sequência de uma investigação que tem como alvo o financiamento da sua campanha eleitoral de 2007. A investigação foi iniciada em Abril de 2013, após a abertura de um inquérito judicial.O ex-presidente francês encontra-se detido nas instalações da Polícia Judiciária na cidade francesa de Nanterre, sob suspeita de financiamento ilícito. Findo o prazo máximo de 48 horas poderá ser apresentado aos juízes para ser formalmente acusado.
Segundo o jornal francês Le Monde a publicação de um documento que mencionava o financiamento da campanha de Sarkozy por parte do regime líbio de Muammar Khadafi, em maio de 2012 pelo site de informação francês Mediapart, fez com que as investigações dos magistrados avançassem “consideravelmente”.
Já o jornal britânico The Guardian diz que o documento referia o pagamento de 50 milhões de euros para “apoiar” a campanha eleitoral de Sarkozy.
Poucos antes de sua morte, o ex-chefe de Estado da Líbia Muammar Kadafi admitiu ter financiado a campanha do ex-presidente.
A imprensa francesa publicou documentos oficiais que supostamente mostram que o ex-líder líbio autorizou pagamento de US$ 68 milhões para essa finalidade. O caso está em investigação desde 2013. Sarkozy nega as acusações, mas ontem foi detido pelas autoridades francesas.
O ex-presidente foi também investigado por ter recebido dinheiro da herdeira bilionária do grupo de cosméticos L’Oreal, Liliane Bettencourt, dona da segunda maior fortuna da França, para a campanha de 2007. Em outubro de 2013, a justiça concluiu que não existiam provas contra Sarkozy sobre o caso.
No mesmo mês, contudo, outro caso envolvendo financiamento de campanha foi aberto contra o ex-presidente.
Sarkozy é investigado por desvio de recursos públicos sobre o financiamento de um comício no sul do país no final de 2011. O comício não estava incluído nos gastos da sua campanha. A Justiça investigou ainda se os gastos da campanha presidencial de 2012 ultrapassaram o limite legal autorizado.
Esta é a segunda detenção de Sarkozy que já em 1 de Julho de 2014 foi detido na sequência de uma investigação de uma suposta rede de tráfico de influência, na qual Sarkozy era acusado de usar inapropriadamente a sua influência para ajudar um juiz e, com isso, ter acesso a informações sobre suspeitas de financiamento irregular da sua a campanha.
4 anos depois e também a uma terça-feira Sarkozy é detido de novo, mas este é apenas um escândalo na longa lista da carreira política do ex-presidente.
Em julho de 2008, o empresário Bernard Tapie recebeu uma indenização multimilionária do governo francês numa decisão jurídica controversa. No litígio entre Tapie e o banco Crédit sobre a venda da empresa Adidas, a Justiça decretou que o governo francês deveria pagar 430 milhões de euros ao empresário..
Cinco pessoas foram acusadas de “fraude em grupo organizada” pelo caso. O ex-presidente rejeitou as acusações contra ele.
Sarkozy também esteve ligado ao escândalo das “pesquisas de opinião do Palácio do Eliseu”, em que a Justiça investigou a suposta irregularidade dos contratos com as empresas sem licitação pública, com suspeitas de favoritismo e de desvio de dinheiro público.
Documentos revelam que 9,4 milhões de euros foram gastos em centenas de pesquisas de opinião realizadas durante a presidência de Sarkozy.
Boa parte delas foi feita sem licitação e beneficiou o escritório de consultoria política de um amigo do ex-presidente, o jornalista Patrick Buisson, ligado à extrema direita e que foi seu conselheiro durante a campanha presidencial de 2012.
Outro processo de investigação envolvendo o nome de Sarkozy é o financiamento da campanha do ex-primeiro-ministro Edouard Balladur, em 1995. Sarkozy era então ministro do Orçamento de Balladar e assinou uma série de contratos para a venda de armas para o Paquistão e Arábia Saudita. A Justiça investigou se esses contratos teriam sido usados para financiar a campanha presidencial de Balladur, que não chegou a passar à segunda volta nas eleições. O ex-presidente rejeitou a acusação.
Sarkozy conhecido apoiante do regime Marroquino fez a sua ultima aparição publica num evento chamado Forum Crans Montana na cidade de Dahkla, nos território ocupados do Sahara Ocidental a 15 de Março. O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, participou na cerimonia de abertura com um discurso a favor do “Sahara marroquino”, terminologia oficial imposta pelo Rei Mohamed VI quando alguém se refere ao Sahara Ocidental.
Em declarações recentes o Cabido da Ilha Gran Canaria rejeitou a celebração do Fórum e classificou a feira económica e de negócios promovida por um lobby suíço, como “operação de cosmética e propaganda do Governo de Marrocos para mostrar que há uma situação normal no Sahara Ocidental”.
A União Africana lançou um apelo ao boicote deste evento, que promove a ocupação ilegal do Sahara Ocidental por Marrocos. Sarkozy tem laços estreitos com o reino alauita.
Vila de 4,5 milhões de Euros em Marraquexe, uma prenda do Rei?
Uma notícia no jornal on-line SlateAfrique em Maio de 2012, afirma que o rei marroquino Mohammed VI, ofereceu uma residência de luxo de 1500 m2 localizada na Palmeraie de Marrakech e cujo preço seria entre 4 e 5 milhões de euros. De acordo com fontes marroquinas, este sumptuoso palácio teria sido um presente do rei Mohammed VI para o casal Sarkozy por ocasião do nascimento de sua filha.
Os vínculos de amizade entre o rei Mohammed VI e Nicolas Sarkozy são frequentemente noticia na imprensa marroquina e várias suspeitas forma lançadas em órgãos sociais alternativos sobre o negócio do contrato referente ao TGV que irá ligar Tanger a Casablanca.