Os islandeses estão a retomar um quase extinto movimento religioso como forma de protesto cívico. Trata-se do Zuísmo, uma religião antiga Suméria, que estava quase esquecida até começar a reconquistar adeptos. De acordo com um artigo do The Guardian, a explicação é simples: os cidadãos islandeses têm que declarar que religião professam na sua declaração anual de impostos, e neste momento, vigora uma lei na Islândia que doa às confissões religiosas registadas parte dos impostos dos cidadãos. Ora, os cidadãos estão descontentes com essa decisão, e o Zuísmo propõe que lhes seja devolvida a quantia dos seus impostos destinada às instituições religiosas islandesas, a chamada “taxa de paróquia”. Esta regra, acrescenta a publicação online Icelandmag, tem sido muito criticada por quem defende uma separação total entre Estado e Religião. Até porque se a pessoa se declarar agnóstica ou ateia, terá de pagar esses impostos como se professasse uma religião.
Existem mais de quarenta religiões registadas oficialmente e que, por essa razão, são elegíveis para receber essa dotação, vinda dos impostos dos islandeses e distribuída através do Orçamento de Estado. A religião oficial, e predominante, do país é a Igreja Evangélica Luterana da Islândia, que é professada por três quartos da população, porém, graças às propostas do Zuísmo, o número de fiéis tem vindo a crescer, ultrapassando já os 3 mil. No site oficial zuísta, pode ler-se que o grupo defende “a liberdade religiosa para todos”. “O principal objectivo da organização é que o governo rejeite qualquer lei que garanta privilégios financeiros ou de outra ordem às organizações religiosas, em detrimento de outras organizações. Para além disso, os zuístas querem que o registo governamental da religião dos cidadãos seja abolido. A organização vai redistribuir o apoio financeiro anual igualmente para todos os membros da congregação”. Ainda de acordo com o The Guardian, a organização assume que deixará de existir quando os seus objectivos forem cumpridos.
O crescimento rápido desta congregação, acrescenta a publicação online islandesa, tem acontecido apesar da cobertura mediática ser negativa. Dois dos seus membros estão sob suspeita por alegados crimes de fraude, que terão sido cometidos através do site de crowdfunding Kickstarter. Além disso, alguns políticos islandeses defendem que o Zuísmo deveria perder o registo oficial como religião, uma vez que não é em si uma prática religiosa. Stefán Bogi Sveinsson, do Partido Progressista islandês, defende essa perda de registo, alegando que “ninguém se registou na organização para praticar o Zuísmo em si”. Um dos porta-vozes da organização, o assumidamente agnóstico Sveinn Thorhallsson, argumenta: “A verdadeira questão é, o que é uma verdadeira organização religiosa e como se mede a crença?”
[…] Islândia: aderir a uma religião quase desaparecida como protesto – Jornal Tornado […]