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João de Sousa

Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Abril, por enquanto

Como é já do conhecimento público, os resultados provisórios do concurso do “Programa de Apoio Sustentado” da Direcção-Geral das Artes determinam que A Escola da Noite deixa de poder contar com financiamento da Administração Central para o desenvolvimento da sua actividade.

Reproduzimos abaixo o comunicado distribuído à imprensa pela A Escola da Noite.

Em face dos resultados divulgados, e sem prejuízo de outras posições que individual ou colectivamente venha a assumir, A Escola da Noite quer neste momento afirmar o seguinte:

  1. Está solidária com as estruturas de criação e programação artística com largos anos de actividade reconhecida que também deixaram de poder contar com financiamento público. Destaca em particular os casos d’O Teatrão e do Centro de Artes Visuais, pelo que significam para a cidade de Coimbra, onde A Escola da Noite quis nascer e trabalhar até hoje; e o caso do Centro Dramático de Évora, com o qual temos trilhado caminhos de descentralização e com o qual nos orgulhamos de estar ainda a celebrar, em palco, os 500 anos do “Auto da Barca do Inferno”.
  2. Está solidária com as estruturas de criação e programação de todo o país que, continuando a ser financiadas pelo Estado, viram esse financiamento manter-se estagnado ou mesmo reduzido, em consequência do sub-financiamento das artes em Portugal, que há muito ajudamos a denunciar e que procuramos combater.
  3. Agradece de forma sentida as dezenas de manifestações de solidariedade de colegas de profissão, espectadores e amigos que tem recebido desde a passada quinta-feira.
  4. Está concentrada e empenhar-se-á em honrar todos os compromissos assumidos – com os seus trabalhadores, com os artistas com os quais acertou colaborações, com o seu público, com os seus fornecedores, com os seus credores.
  5. Vai estrear em Maio a sua 66.ª criação, com textos de Harold Pinter e encenação de Rogério de Carvalho.
  6. Prossegue ainda esta semana a digressão nacional de “Auto dos Físicos”, de Gil Vicente, realizando em Viana do Castelo a 61.ª apresentação de um espectáculo estreado em 2014 e que mantém em reportório desde então.
  7. Anuncia hoje a programação de Abril do Teatro da Cerca de São Bernardo, na qual são visíveis alguns dos eixos que têm marcado a identidade deste equipamento municipal, cuja construção justificou e cuja gestão assume desde 2008: a oferta diversificada para o público infanto-juvenil e familiar; o trabalho com o público escolar; o diálogo e o intercâmbio com artistas internacionais, com particular destaque para o universo dos países de língua portuguesa; o acolhimento de estruturas congéneres de outras cidades e regiões do país; a abertura a outras instituições e agentes culturais da cidade; o empenho e o compromisso com as causas da democracia, da liberdade e do serviço público.
  8. Apresentará, no prazo legalmente previsto, uma contestação à bizarra e particularmente acintosa avaliação de que foi alvo, que considera preconceituosa e contraditória com os pressupostos e os objectivos do concurso e com avaliações que foram feitas de outras estruturas.
  9. Recorda que o actual regulamento foi precedido de uma “discussão pública” meramente formal, num processo em que o Governo ignorou (e nalguns casos contrariou mesmo) os contributos essenciais que o sector se prestou a dar.
  10. Participará na reunião convocada pelo CENA-STE para hoje à noite em Coimbra e nas manifestações agendadas para a próxima sexta-feira, em nome do interesse público da cultura e da urgência do aumento significativo do investimento do Estado no apoio à criação e à programação artísticas.

A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra
Coimbra, 3 de Abril de 2018

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