Não embarco na onda de chamar Daesh aos idiotas do Estado Islâmico. Como nunca chamarei “os betinhos” aos Delfins. As coisas e as pessoas têm autonomia para se auto-intitular como quiserem. A idiotice de chamar Daesh a um grupo terrorista tem como base a palavra querer dizer qualquer coisa como “bando de canalhas”. Pensam, os burocratas que isto irrita os miúdos e os sauditas. Nã. Nada melhor para os deixar contentes. Quando a imprensa vai atrás de uma parvoíce quer dizer que os parvos ganharam.
Se o Estado Islâmico tivesse conseguido o que queria: criar um estado em que havia segurança social, escolas, saúde e segurança, apesar das leis anacrónicas de costumes, o ocidente andava mais calmo. Se decapitassem como a Arábia Saudita ou tratassem os homossexuais como o Irão ou a Rússia, mas assim dentro de portas, sem se ver, todos assobiariam para o lado.
Mas o Estado Islâmico é uma Hollywood de realidade aumentada. Os filmes são bons, os atentados são cirúrgicos e pensados para matar poucos de cada vez. Envenenar um depósito de água numa cidade com 20 mil habitantes deve ser mais eficaz se quiserem matar em barda. Mas não querem. Qual estrela de telenovela o que eles querem é aparecer. Conseguem-no. Até conseguem que não lhes chamem Estado Islâmico – porque não o são mas, principalmente, porque lhes dá ar de maus.
[…] Tiro Neles – Jornal Tornado […]