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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

«A arma mais importante da revolução é a unidade», diz Raúl Castro

Ao iniciar sua intervenção no Parlamento cubano, o general de Exército Raúl Castro agradeceu por ter sido o encarregado de encerrar uma “emotiva sessão da Assembleia Nacional”. No caso, sua última sessão como presidente, pois passou o cargo ao novo eleito, Miguel Díaz-Canel.

Raúl conheceu: o trabalho das comissões eleitorais e de candidaturas que colaboraram para o bom desempenho das eleições. O 6º Congresso do Partido aprovou limitar ao máximo de dois períodos de cinco anos os cargos de maior relevância, e ainda que esta modificação não tenha sido introduzida na Constituição, desde que assumi meu segundo mandato, em 2 de fevereiro de 2013, expressei que este seria o último e que a partir de hoje Cuba teria um novo presidente”.

O general do Exército destacou perante os deputados a trajetória política de Miguel Díaz-Canel, a forma como ele foi ascendendo progressivamente e assumindo responsabilidades políticas tanto na UJC quanto no Partido Comunista de Cuba.

Sobre a eleição de Díaz-Canel para presidente do Conselho de Estado e Ministros, Raúl insistiu que “não é casualidade, foi previsto”. E destacou que não há dúvidas sobre as virtudes, experiência e dedicação ao trabalho que o novo presidente demonstrou ao longo dos anos e por isso certamente “terá êxito absoluto na responsabilidade que o órgão máximo do poder de Estado lhe assegurou”.

Raúl anunciou também que o movimento lógico agora é em 2021 Díaz-Canel assumir também o cargo de primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista, quando será realizado o 7º Congresso e ele, que atualmente ocupa este cargo, deixará esta tarefa política.

Díaz-Canel não é um improviso. Sua promoção gradual a cargos superiores foi feita com intencionalidade e previsões, não cometemos o erro de acelerar o processo como em outros casos” Garantiu o ex-presidente.

“Vivemos em um lugar e num tempo em que não podemos mais cometer erros”, alertou. Raúl, que agora desempenha a função de secretário-geral do Partido, também destacou a trajetória política do primeiro-vice-presidente, Salvador Valdés Mesa, e dos demais vice-presidentes eleitos pela Assembleia.

Uma parte de seu discurso, Raúl dedicou a ressaltar as conquistas da Revolução rumo à igualdade de gênero e a luta contra o racismo e exigiu que não haja retrocessos nestes aspectos.
Sobre seu futuro, agora como general do Exército, afirmou “no que se refere a mim, me manterei desempenhando o cargo de primeiro-secretário do PCC em meu segundo e último mandato até 2021. A partir de então, se a saúde me permitir, serei um soldado a mais junto ao povo defendendo a revolução”.

A revolução é a obra mais bonita que fizemos e sua continuação, uma verdade irrefutável. Nossa arma mais importante é a unidade de todos os revolucionários e do povo.” 

Durante seu discurso, Raúl também falou sobre a atualização dos modelos econômico e social de Cuba. Reconheceu erros cometidos ao longo do processo revolucionário e afirmou “aprendemos importantes lições com os erros cometidos e a experiência acumulada nos ajudará a continuar com passos mais firmes”.

Segundo Raúl, esta nova gestão tem o desafio de seguir implementando formas de trabalho autônomas e ampliando os sistemas de cooperativas. E ressaltou que indisciplinas e ilegalidades são o maior empecilho para estes modelos seguirem se consolidando. “O processo de mudança do modelo econômico cubano não poderia se traduzir em terapias de choque contra os cidadãos mais desfavorecidos”, alertou.

Em seu discurso, Raúl também falou sobre a política externa de Cuba e aproveitou para reiterar sua mensagem de felicitação à delegação que participou da 8ª Cúpula das Américas, realizada recentemente no Peru. “Derrotamos a maioria anticubana”, disse. Neste momento, o dirigente também reiterou o apoio incondicional de Cuba à Venezuela, ao ex-presidente brasileiro Lula e a Porto Rico, entre outras “causas justas que a revolução sempre defendeu”.

Antes de se despedir e abraçar cada um dos membros do novo Conselho de Estado, lembrou que em apenas onze dias o povo marchará unido pelas praças e ruas para comemorar o 1º de Maio e por entender a relevância deste momento histórico, ele faz questão de acompanhar o novo presidente e o novo conselho neste desfile.

Miguel Díaz-Canel, de 57 anos, foi eleito novo presidente de Cuba pela recém-instalada Assembleia Nacional do Poder Popular nesta quinta-feira (19). O dirigente máximo do Conselho de Estado do país obteve 603 dos 604 votos do parlamento.

Desde a revolução cubana, de 1959, Díaz-Canel é o primeiro presidente da ilha que não integra a chamada “geração Sierra Maestra”, ou seja, os combatentes da guerrilha que destituiu a ditadura de Fulgêncio Batista. Esta é a primeira vez que a maioria dos membros do governo não pertence a esta geração.

Isso significa que Díaz-Canel inaugura um novo capítulo na história da pequena ilha comunista que, há quase 60 anos, resiste ao bloqueio e aos ataques do poderoso vizinho de cima, os Estados Unidos.

O novo presidente vem sendo preparado para o cargo desde 2003, quando se tornou secretário do Partido Comunista de Cuba no estado de Holguín. De lá pra cá, sempre integrou a vida política do país.

Em 2009 assumiu o Ministério da Educação, em 2012 ocupou o cargo de vice-presidente do Conselho de Ministros e um ano depois, chegou à vice-presidência do país, posto que ocupou até esta quinta-feira (18).

Além disso, o engenheiro eletrônico Díaz-Canel foi deputado pelo município de Santa Clara e membro do Bureau do Partido Comunista de Cuba. Durante a juventude, foi secretário e vice-secretário da UJC, a juventude comunista de Cuba, em sua província, Villa Clara.

Conselho de Estado

Na manhã desta quinta-feira o parlamento elegeu também os demais membros do Conselho de Estado, ou seja, a nova linha de frente do governo cubano. O primeiro-vice-presidente do país é o sindicalista Salvador Valdés Mesa, de 72 anos. Foram anunciados também os demais cinco vice-presidentes, Ramiro Valdés Menéndez, Roberto Tomas Morales Ojeda, Gladys María Bejerano Portela, Inés María Chapman Waugh y Beatriz Jhonson Urrutia, além do secretário-geral e os 23 membros do Conselho.

Nesta nova etapa de Cuba, Raúl Castro continua atuando na vida política do país como secretário-geral do Partido Comunista.

por Mariana Serafini

Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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