Uma Arte sem sucessão?
Aparentemente, o abastecimento de gente para abrir novas olarias parou. Hoje não há aprendizes. Rui Santos foi o último. Já lá vão vinte e sete anos, desde o tempo em que ocupava os dias de férias a amassar barro e a tentar dominar as voltas que a roda de oleiro dá. “Quatro a cinco anos, é o tempo que demora a formar um oleiro”, conta-nos. Por formar um oleiro entende-se a capacidade de reproduzir peças similares, que nestas coisas do trabalho manual não há exactidões possíveis, sem o recurso constante às medidas e fazer com que a peça saia fluída e
naturalmente, como as que brotam das mãos de Rui Santos. “Não há hipótese de pagar a um aprendiz durante anos para ele estragar barro”. E os tempos mudaram. Sem ganho não há quem queira aprender o ofício. Rui Santos repesca o exemplo do sobrinho que, afirma, “preferia levantar-se às 05:00 para ir à apanha da azeitona, a 200 km daqui, do que trabalhar na olaria do pai, Egídio Santos”.
Agricultura e construção, eventualmente um pouco de hotelaria, é o que há pelo sítio. Por outro lado, em tempo que se diz de crise, não cabem pressas nem se sente necessidade no investimento à criação de novos profissionais. “Quando há mais trabalho, optamos pelas horas extras”. Em causa não só a dificuldade de formação de um oleiro mas também a ausência de gente formada disponível. “Os que sabem, trabalham quase todos por conta própria”.
Ali trabalham a tempo inteiro cinco pessoas. O mestre oleiro e quatro decoradoras, entre as quais se conta Neida. De vez em quando um antigo empregado, José Orlando, que já abandonou o mister, dá uma ajuda. Entrou na Patalim aos 14 anos, na altura a ganhar cinquenta escudos (vinte cinco cêntimos) por semana. Foi um dos poucos casos em que se pagou a um aprendiz.
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