Insatisfeito com o ensino em Portugal, o Movimento Pais, Professores, Educadores e Alunos Unidos (MAPPE) lançou uma petição pública online que quer mudar o paradigma educativo. Os subscritores já são quase nove mil e registam mais de uma dezena de vontades.
A petição intitulada “Transformar a educação em Portugal. De uma vez por todas” considera que os métodos de ensino tradicionais estão “antiquados”, não vão ao encontro das necessidades das crianças e jovens nem respeitam o seu desenvolvimento integral.
Por considerar que currículo actual “é extenso”, “superficial” e “não desenvolve o potencial das crianças”, o movimento quer que as escolas e os professores tenham mais autonomia e liberdade. “Aprender a fazer, a pensar, a articular conhecimentos em vez de aprender a decorar e a memorizar com o consequente fácil e rápido esquecimento”, é uma das propostas do documento.
O MAPPE quer também que os espaços das salas de aulas “deixem de ser mesas e cadeiras alinhadas, viradas para um quadro onde o professor é acima de tudo um transmissor inquestionável de conhecimentos”, defendendo avaliações qualitativas sem a “frenética procura” das melhores posições nos rankings.
O texto dirigido ao Presidente da Assembleia da República critica os edifícios escolares rodeados de cimento, sem terra, árvores ou elementos naturais: “os recreios são pobres e cinzentos, sem riqueza de estímulos”, “as crianças, sobretudo as mais pequenas, precisam de estar em contacto diário com a natureza, precisam de se sujar, de saltar, de correr, de construir o seu faz de conta com paus, pedras, folhas ou areia e de ficarem com a roupa suja e as unhas pretas”.
As crianças, sobretudo as mais pequenas, precisam de estar em contacto diário com a natureza, precisam de se sujar, de saltar, de correr, de construir o seu faz de conta com paus, pedras, folhas ou areia e de ficarem com a roupa suja e as unhas pretas”
Um maior envolvimento das famílias e da comunidade na escola; estabilidade profissional dos docentes; reforço das equipas multidisciplinares para as crianças com necessidades especiais ou com dificuldades de aprendizagem; cargas lectivas mais reduzidas, são ainda outros anseios do movimento de pais e professores.
“As crianças do 1ºciclo são as que têm mais tempo de aulas com o acrescento dos trabalhos de casa. Sobra muito pouco tempo para simplesmente serem crianças, o que aumenta problemas como a hiperactividade, o défice de atenção, a depressão ou a ansiedade infantil”, sublinha a petição.
“Como dizia Paulo Freire: ‘Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda’. Não podemos esperar que a sociedade mude, mas sim fazer com que as escolas mudem, tornando-se um exemplo para a sociedade e contribuindo para que esta também se transforme a pouco e pouco”, pode ler-se.
“Se formamos para a competição, formamos para o umbiguismo, para a acumulação de riqueza, para o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, para o insucesso interior, para a noção de que a felicidade está intimamente relacionada com bens materiais e estatuto social”, defendem por fim os promotores que querem colaborar para formar cidadãos “para a empatia, para a comunidade, para a honestidade social e empresarial”.
Com cerca de 8700 subscrições, o que representa mais de quatro mil assinaturas, o documento vai ser entregue esta semana na Assembleia da República e já pode ser apreciado em plenário.
Para ler na íntegra o texto da petição online pode consultar o link:
Transformar a educação em Portugal. De uma vez por todas.
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