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João de Sousa

Segunda-feira, Novembro 4, 2024

José Sócrates no subtexto do Congresso

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

Além do Ministério Público, do Juiz Carlos Alexandre, do Parlamento e do Governo, os Jornalistas também já produzem normas com valor e efeitos legais sob o olhar benevolente daqueles a quem competia em exclusivo essa tarefa.

Portugal é um país realmente evoluído. Agora até os jornalistas já legislam e acabam de eliminar da nossa ordem jurídica o secular princípio da presunção da inocência. Todos os Jornalistas e comentadores das TVs presentes no Congresso do PS referiram-se a José Sócrates como se este já tivesse sido julgado, condenado, esgotado as hipóteses de recurso e existisse uma sentença transitada em julgado a declará-lo culpado do crime de corrupção.

Lobo Xavier, na Quadratura do Círculo, chegou a afirmar com o ar mais seráfico do mundo que Sócrates “tinha um projecto de poder pessoal” como se tivesse descido sobre ele o Espírito Santo, o Celestial não o Ricardo Salgado, iluminando-o com este conhecimento. António Costa não desmentiu nem pestanejou.

Os dirigentes do PS aceitaram responder a perguntas formuladas nestes rigorosos termos. Nem uma voz defendeu as medidas políticas dos seus dois governos das quais têm, todavia, retirado bastantes dividendos: estou a pensar na Educação e na Ciência, nas Novas Oportunidades, nas Infraestruturas, nas Energias Renováveis e no Simplex, para mencionar apenas algumas. 

Eu tenho uma convicção diferente. Perguntei directamente a José Sócrates o que pensava acerca da corrupção e das acusações que contra ele impendiam e ele respondeu-me com grande indignação que era visceralmente contra a corrupção e contra os corruptos.

Até haver uma decisão de um tribunal superior transitada em julgado é o que tenho como verdadeiro.

E é o que todos sabem. Tudo o mais é abuso de poder, difamação, abuso de liberdade de imprensa.

Para este efeito não relevam sequer, como claramente o afirmou Manuel Alegre na sua intervenção mas que todos fingiram não ouvir, os tão apregoados julgamentos morais só servem para bloquear o conhecimento. Viver com dinheiro emprestado por um amigo, dois anos depois de deixar o Governo, não é da conta de mais ninguém a não ser dos próprios.

O Julgamento político já foi realizado pelos eleitores, os únicos que detêm essa prerrogativa de modo absoluto. Aguardemos.

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