As manifestações contra a política do presidente francês Emmanuel Macron juntaram neste sábado (26) 250 mil pessoas em todo o país, informou a confederação sindical CGT, referindo-se aos protestos organizados por sessenta sindicatos, partidos de esquerda e associações.Em Paris, a CGT contabilizou 80 mil manifestantes; na última grande manifestação, foram 100 mil. Grandes protestos tem sido realizados contra o governo de Emmanuel Macron desde o começo de abril, quando o presidente francês propos reformar a SCNF, companhia estatal francesa responsável pelo transporte ferroviário no país.
Os planos do presidente Emmanuel Macron eram de “modernizar”- aderindo a um planejamento essencialmente neoliberal, que inclui privatizações e flexibilização do trabalho, para tornar a SNCF “lucrativa”. Mas os sindicatos lembram que a divida contraída pela empresa é uma consequência de má administração e gastos excessivos com trens de alta velocidade. Segundo Macron, o plano é que o setor de trens seja aberto à competição estrangeira em 2020, “gradualmente”, transformando o SNCF em uma empresa de capitais mistos (publico e privado), o que os sindicatos alertam ser uma abertura do caminho para a privatização.
A agência AFP relatou que milhares de pessoas desfilaram na zona leste de Paris no sábado (26), assim como em várias cidades do país. Na manifestação na capital, o líder da CGT, Philippe Martinez, sugeriu que Macron “olhe pela janela do seu palácio para ver a vida real”.
Foram mobilizados mil e quinhentos policiais em Paris e foram detidas 35 pessoas antes e depois da marcha. Na sexta-feira (25), em São Petersburgo, na Rússia, Macron disse que não queria governar “baseado em sondagens ou manifestações” porque isso “já foi feito muito”.
No início de maio, quando passou um ano da eleição de Macron, uma sondagem BVA para a rádio RTL mostrou que quase seis em cada dez franceses (57%) estavam insatisfeitos com a sua política.
O resultado era melhor do que os dos antecessores François Hollande e Nicolas Sarkozy, mas pior que os de Jacques Chirac e François Miterrand, representando uma perda de 20% num ano. Entre as qualidades apontadas pelos entrevistados, Macron teria “convicções profundas” e “estatura presidencial”. Mas os defeitos apontados são de “pouco unificador” e pouco “próximo das pessoas”.
“Se há um ponto que une os franceses, é que o presidente age. O que os divide é a sua ação”, resumiu na altura o especialista em sondagens Jean-Daniel Lévy, da empresa de pesquisa de mercado Harris Interactive, à AFP. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que Macron não tem pensado em políticas favoráveis aos trabalhadores franceses; seus projetos são essencialmente neoliberais.
Em sua campanha, ele mesmo se definiu como “nem de esquerda nem de direita”; esse vazio ideologico contrasta com suas ações, assentadas na liberalização do modelo econômico francês.
Em termos externos, Macron é um entusiasta do Euro, e pretende “recolocar a França no cenário mundial”. Para isso, tentou estabelecer um diálogo com Trump, não muito bem sucedido após os Estados Unidos se retirarem do acordo nuclear multilateral com o Irã. Para salvar o pacto, Macron esteve com Vladmir Putin, presidente russo, na sexta-feira (25). Com interesses na região do Oriente Médio, a França se juntou aos EUA e ao Reino Unido para bombardear a Síria em abril, após ataques químicos não investigados supostamente feitos pelo governo sírio.
No fim de seu primeiro ano no poder, Macron tem enfrentado contestação social e numerosas greves nos transportes, além de grandes manifestações.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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