Adoro Donald Trump. É um desbocado que diz o que lhe vem à cabeça, a não ser que lhe fique a ideia presa no capachinho. Há um Donald Trump em cada um de nós e isso é catártico: algures na América um reaccionário, gordo, estúpido, tem autorização oficial de berrar as coisas que só nos saem ou no trânsito ou quando batemos com o mindinho do pé direito na mesa de cabeceira.
Gosto mesmo dele e de ouvir aquilo: uma pessoa está quase à beira do sofá a gritar “mais, mais”, tal o potencial de animalidades ressabiadas, racistas e agiotas que dali pode vir. Um deleite, quase único, igual aos momentos em que ouvimos dizer que a Bimby faz feijoada e cabrito assado como “as avós”. Bullshit industrial com selo de qualidade.
Também gosto da pequena cidade norte-americana de Woodland, na Carolina do Norte, que acaba de rejeitar a instalação de painéis solares lá na terra porque, lê-se na moção municipal, a geringonça podia “sugar toda a energia do Sol”. É destas pequenas pérolas que se faz a enorme América do Norte – bizarra, mundial, tonta, histriónica, mas depois com muita pinta em pessoas como Neil DeGrasse Tyson, Noam Chomsky, George Carlin ou Bernard Sanders.
Num país de Arrojas e patetas regimentais, devíamos admirar profundamente a diversidade daquelas paragens. E só nos devíamos perguntar porque há 41 por cento de eleitores de direita que creem que Trump daria um bom Presidente. Eu sugiro uma resposta: a grande saga de transformar o povo numa massa outra vez burra, estúpida e amorfa resultou. Não me digam que não vos dá um gozo bestial ver a civilização a correr toda para o desfiladeiro atrás do capachinho amarelo! Não dá? Então ide lá ver ao armário se tendes roupa da Zara feita por escravos chineses em Barcelona ou computadores montados por escravos asiáticos. Topam?
