Estreia-se esta quinta-feira o sétimo filme da saga Guerra das Estrelas, um filão inventado em 1977 e agora explorado pela Disney. A marca vale mais em bilheteira, aluguer e venda de bonecada do que o PIB português anual. É a força da capacidade de produção aliada a uma história clássica bem revestida e ao marketing agressivo.
Em Portugal estamos limitados nestes três factores. O cinema caseiro, com raríssimas excepções, não tem capacidade, liberdade ou talento para, sequer, excitar os autóctones. O processo de criação, angariação de fundos, produção e por aí fora é, sempre, um calvário. Os empresários portugueses raramente investem no cinema e o Instituto do Cinema e Audiovisuais lá vai dando trocos para filmes que não passam para além da simpatia de bilheteira ou valor intelectual para memória futura.
Provou-se que em Portugal se pode fazer produto de audiovisual com qualidade – basta ver como as produções de novelas televisivas recebem encomendas e prémios lá fora. Não nos falta talento ou técnica. Falta-nos, para o cinema, visão e estratégia.
Visão que deixe o país fazer filmes com dinheiro privado e público e que respeite os criadores nas suas obras – sejam elas popularuchas, massificadoras, críticas ou introspectivas. E, acima de tudo, que o Estado se comporte mais como agente de captação de fundos e parceiro de estratégia de internacionalização do que distribuidor de tustos aos amigos e aos “consagrados”.
Ah!, e mais uma coisa: os criadores não vivem do ar. Vivem de batatas e bifanas, como toda a gente. Precisam de ser pagos com dignidade. Basta perguntar ao senhor Lucas ou ao senhor Michael Bay se tinham fome e dívidas ao fisco quando imaginaram os cenários e histórias mais rentáveis do mundo.