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João de Sousa

Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

A outra face do fascismo – III

E, o autoritarismo e a intolerância, terão a porta do poder escancarada por incúria e manifesta incompetência da classe política e das demais elites que se instalaram para legislar e não para governar quando foi para isso que foram eleitas.A contestação popular é um fator determinante para o escalar da instabilidade a todos os níveis da organização e funcionalidades sociais condutora à rebelião maciça no seio das mesmas onde já não é possível o entendimento entre as partes em conflito, num ambiente em que as lideranças são postas em causa, devido a fatores que são da sua única responsabilidade porque não se souberam impor pela via democrática optando por soluções hostis de imposição da autoridade porque, em abono da verdade, a sua chegada ao poder foi-o através de processos menos transparentes em que a sua eleição foi unicamente o legitimar do ato e pouco mais, uma vez que, todo o processo eletivo foi inquinado por métodos incorretos na condução assim como no arrebanhamento de votos em meios alheios à organização através da inscrição maciça de membros  com o devido tempo de antecedência em que suportaram a despesa com o pagamento das cotas devidas e estatutariamente obrigatórias assim como, em alguns casos, tratam do transporte coordenado para que procedam ao ato de votar. E, em que o “filiador” responsável coordena todas as operações inclusive, a fiscalização efetiva sobre se o filiado foi, ou não, votar.

Esta operação é previamente conjugada com um membro da mesa ou presente na assembleia de voto que vai “dando baixa” dos filiados que já votaram e, alerta o “filiador” indicando os que ainda não o fizeram de forma a pressionar para que concretizem o ato para que foram solicitados. De forma recorrente há a feitura de uma chamada telefónica para as pessoas que ainda não cumpriram com o acordado.

Um processo conhecido por “sindicato de voto” que tem vindo a funcionar desde a imposição legal de método eletivo por Listas para os Órgãos Sociais de todas as associações sendo que, os partidos políticos tem sido a “ponta do iceberg” deste esquema por serem useiros e vezeiros no seu uso.

Um esquema que tem vindo a ser publicamente denunciado, mas para cuja solução as medidas adotadas não têm surtido qualquer efeito corretivo. Quando muito tem atenuado o impacto do escândalo ao mobilizar cada vez menos votantes, descrentes na militância genuína a na luta por valores de referência ética, mas também da defesa dos interesses a que estatutariamente estão obrigados.

Um esquema que continua a funcionar como garantia da eleição de um conjunto de “protegidos”, em que, a “bolsa de membros adormecidos” de que só os “filiadores” tem o contacto efetivo, havendo casos de completa falsidade nos dados introduzidos de forma a que só os citados “filiadores” tem acesso ao seu contacto para convocação para os atos eletivos, ativados sempre que oportuno através do pagamento maciço das suas cotas para que votem no candidato indicado.

Este é um dos fatores mais relevantes para o acentuado esvaziamento ideológico dos partidos políticos e da sua perda de influência junto do eleitorado que se tem vindo a abster de votar sistematicamente e se nega a aderir a qualquer movimento político partidário, sem sequer ter a perceção de que está a cometer um erro crasso naquilo que é o primado da garantia de continuar a  usufruir de liberdade; ter direitos e garantias sociais; de que terá uma vida com dignidade; de que o futuro dos seus descendentes está minimamente assegurado;

A desinformação política ganha raízes e, as forças ocultas de manipulação do poder, mexem os seus “peões” posicionando-os num tabuleiro de xadrez em posição de fazer o “xeque-mate” ao sistema democrático que se encontra internacionalmente debilitado.

Ainda não foi “ferido de morte”, mas, a continuarmos por este caminho de completo descrédito nas Instituições, a sua morte fica anunciada.

E, o autoritarismo e a intolerância, terão a porta do poder escancarada por incúria e manifesta incompetência da classe política e das demais elites que se instalaram para legislar e não para governar quando foi para isso que foram eleitas.

Instalados o autoritarismo e a intolerância, a alterativa do poder será, obrigatoriamente, a do desmantelamento de todas as conquistas sociais dos povos, em todos os domínios. Desde o setor primário ao emergente das novas tecnologias. Uma tarefa que não é possível por ser contranatura e que por isso terá de ser transitória. Ou então, a socialização do modelo terá de ser uma via para poder ter sucesso. O que a acontecer, poderá reverter todo um conjunto de regras entre os homens que vão desde a cordialidade à confraternização elementar para a sustentabilidade intercontinental e global.

Enfrenta assim, a sociedade atual, um sério desafio para cujo combate não dispõe de “armas” iguais salvo na componente quantitativa. Uma arma poderosíssima na correlação de forças entre a produção e o consumo porque sem consumo a produção não tem razão de ser.

Simplesmente, a necessidade gera o consumo. E o consumo dinamiza a produção. Aquilo que pode acontecer é: se o consumo diminuir, a produção fica limitada e pode gerar um complexo conflito entre interesses originando o desmantelamento do modelo económico vigente por desajustado.

Nesta variável, os povos levam vantagem.

E, a democracia com um novo rosto, novos protagonistas, novos conceitos de organização e de distribuição será sempre o futuro.

O maior problema será sempre o do tempo de duração da noite política que, entretanto, se pode abater sobre as populações.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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