Malala Yousafzai, ativista e pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, esteve no Brasil para falar sobre o direito à educação. O PV conversou com Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, que esteve no evento extraiu significados para sua vida pessoal e para o ativismo. Em sua fala, Malala destacou a importância da diversidade: “a gente precisa disso em todos os lugares”. Na casa de Toni, esse conselho já está na essência da família.
Toni é casado com David, tem três filhos – Jéssica, Filipe e Alyson – e é ativista na luta pela educação e pela causa LGBTI há 33 anos. Por tudo isso, o encontro de Toni com Malala teve significados importantes tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional.
“O encontro teve dois significados muito grandes para mim. Primeiro porque eu tenho uma filha de 15 anos que não tinha ido para a escola antes de ser adotada, por isso, ela foi alfabetizada quando tinha 10 anos de idade. Então, enquanto a Malala falava, eu pensava muito na minha filha porque ela enfatizou que as meninas, moças e mulheres precisam ter a mesma oportunidade de estudo dos homens”. O evento aconteceu na última segunda-feira (09) e foi organizado pelo Itaú Unibanco.
Outra parte do discurso de Malala duranteo evento que também emocionou Toni foi quando Malala disse que a educação é a mais importante herança um pai e uma mãe podem deixar para os seus filhos.
“Na hora, eu estava com dois amigos, Julian Rodrigues, do Movimento Nacional de Direitos Humanos e a Rebecca Otero, diretora da Unesco Brasil, e comentei que a minha filha é a a mais inteligente dos três, é quem tem mais honra ao mérito e as notas mais altas. Por isso, lá em casa o incentivo à educação e a igualdade entre homens e mulheres já está na essência, nós não precisamos seguir o conselho da Malala”, disse.
A jovem paquistanesa Malala Yousafzaise tornou conhecida ao mundo após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola, em 2012 quando tinha apenas 15 anos. O ataque aconteceu quando ela estava em um ônibus escolar indo estudar.
Malala que, ao ser atingida por uma bala, era considerada criminosa e que agia contra os costumes do Paquistão, agora é símbolo da resistência e da luta pelo direito à educação para todos e todas. Ela sobreviveu não à violência, mas ao conservadorismo e as imposições sociais que perpetuam as diferenças de gênero. Malala recebeu o Nobel da Paz em 2014, aos 17 anos.
“Me chamou muita atenção a garra dela falando que com o seu instituto, o Malala Founding, ela vai investir em educação principalmente nas regiões mais pobres e para as organizações não governamentais para investir na educação. Malala também disse que o nosso maior poder é o voto. Ela disse que esse é o nosso poder, por isso, precisamos saber estamos votando nas eleições e para que isso aconteça, é preciso estudar para escolher um candidato”, explicou Toni.
Diversidade
O ativista chamou atenção também para a importância destinada à diversidade. Para Malala, a diversidade é uma preciosidade e precisa existir e ser respeitada nas famílias, nas escolas, nas empresas e na sociedade.
Eu acho que diversidade é uma coisa extremamente importante, para mim significa beleza e traz beleza ao nosso ambiente, ao nosso país e às escolas que a celebram. É muito importante você celebrar a diversidade sempre seja onde for, na TV, nas empresas… A gente precisa disso em todos os lugares. Toda a população precisa receber oportunidades iguais, principalmente na escola. É importante que as crianças saibam pelos livros e professores que têm oportunidades iguais para todo mundo e que ter a cor diferente ou a religião diferente não significa que não pode ter as mesmas metas que todo mundo. É importante celebrar a diversidade e é importante que os estudantes tenham acesso a essas oportunidades. Muitos estudantes pensam que não podem isso ou aquilo porque acham que a oportunidade não lhes cabe. Não pode haver fronteiras na maneira com que as crianças vislumbram o seu futuro”.
Lições do encontro
Questionado sobre o que foi enriquecedor e emancipador no encontro com Malala, Toni destacou que o valor da educação foi reafirmado:
Se tivermos apenas R$ 100, devemos investir em educação. No Brasil, especificamente, devemos executar o Plano Nacional de Educação e precisamos tirar as pessoas do analfabetismo. Para além da não capacidade de leitura, Malala também falou do analfabetismo funcional. Para ela, precisamos sair um pocuo do WhatsApp e do Facebook para ler mais livros porque ler abre as portas para o mundo”.
“Para Malala não adianta só ler e não adianta só escrever, você precisa ler e escrever, escrever e ler porque uma coisa retroalimenta a outra. E é justamente isso que gera o senso crítico das crianças. Posso te dizer que o encontro com Malala foi um momento muito feliz e emocionante”, finalizou Toni.
Por Verônica Lugarini | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV (Conjur) / Tornado
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.