Segundo publicado por varias meios de comunicação espanhóis, franceses e marroquinos o Rei de Marrocos ofereceu ao príncipe herdeiro um avião Gulfstream personalizado no valor de 57 milhões de euros pelo seu 15.º aniversário.
No país que esta mergulhado em revoltas e protestos de Norte a Sul devido aos preços exorbitantes dos alimentos, que levou a população a boicotar as marcas cujo accionista maioritário é o estado, e onde há pessoas a morrer pisoteadas para conseguirem receber uma cesta de alimentos, o Rei conhecido pelo seu estilo de vida “descontraído” e que passa a maioria do tempo fora do país, ofereceu um jacto particular, Gulfstream G650, decorado de forma personalizada e com um sistema antimíssil israelita ao seu jovem filho.
A paixão de Moulay Hassan por aviões é conhecida e o Gulfstream que recebeu inclui um brasão, número da placa personalizado, grande autonomia de voo, e acima de tudo, um sistema de protecção de mísseis desenvolvido por Israel. Este é o último presente exclusivo do Estado de Marrocos ao filho mais velho, do rei Mohammed VI e herdeiro do trono Alauita, um brinquedo com uma autonomia de 13.000 quilómetros non-stop e capacidade para oito passageiros e quatro tripulantes.
Sistema anti-míssil
O jacto particular é equipado com o sistema anti-míssil israelita Elbit J-Music (Directed IR Countermeasures), adquirido no Paris Airshow por 17 milhões de euros, de acordo com um comunicado divulgado na publicação Aviation Week.
Marrocos é um cliente discreto mas constante da indústria militar israelita dos sistemas de vigilância e escuta deste aliado. O palácio conta com vários “conselheiros” israelitas, segundo varias noticias publicados nos últimos anos, entre eles um consultor na área do abastecimento e controle de água.
As armas dos EUA
Segundo os jornais Al Massae e Akhbar Al Yaoum, e publicado na versão francesa da Sputnik, as Forças Armadas Reais Marroquinas (FAR) receberam sofisticados equipamentos militares provenientes dos EUA, que segundo as fontes publicadas se encontram na base de Nouaceur, na região de Casablanca. Entre os equipamentos encontram-se armas pesadas, tanques blindados e brevemente serão entregues mísseis ar-mar para equipar os aviões F-16.
Os contratos de acordo com as fontes acima citadas foram assinado pelo general Abdelfattah Louarak, o Inspector Geral das Forças Armadas Reais, com vários parceiros, incluindo os Estados Unidos, e incluem ainda a compra de aviões de combate, helicópteros Apache e lança mísseis ar-ar.
Forças armadas de Marrocos 54.º do mundo
Segundo o Global Firepower (GFP), que fornece uma avaliação abrangente do poder militar dos países, extrapolado do orçamento militar, indústria de segurança interna, mão de obra activa, qualidade de equipamentos militares, marinheiros e pilotos que podem ser invocados em caso de emergência, gama na defesa do arsenal, etc., classificou Marrocos em 54º mais forte do mundo.
No entanto nem tudo são rosas para Marrocos e devido à desconfiança do rei Mohammed VI nas forças armadas resultante das tentativas de golpe de 1971 e 1972, o Palácio aumentou naquela época o controle sobre as forças armadas, marginalizando os oficiais da formulação de políticas e restringindo a sua interacção com os interlocutores militares estrangeiros e a imprensa.
Num documento do ex-embaixador Riley dos EUA em Rabat e que foi publicado no Wikileaks pode-se ler “o Palácio continua a controlar fortemente as interacções das Forças Armadas Reais” com a embaixada e o exército dos EUA e afirma que enquanto o embaixador mantinha contactos regulares com as forças armadas marroquinas, estes primavam pela “falta de informação de qualidade”.
O rei Mohammed VI mantém um papel altamente centralizado sobre as forças armadas mas isso não impede que entre os militares marroquinos exista a corrupção “aos níveis mais altos”, segundo o embaixador.
O general Abdelaziz Bennani, ex-comandante do Sahara Ocidental, falecido em 2015, é destacado no telegrama da embaixada dos EUA. “Relatórios fiáveis” indicavam que Benanni usava a sua posição “para ganhar dinheiro com contratos militares e influenciar decisões de negócios” e ter o controle e espolio de grandes parcelas das pescas do Sahara Ocidental.
Abdelaziz Bennani era muito próximo de Hassan II, desempenhou um papel vital na preparação da Marcha Verde de 1975 (invasão do Sahara Ocidental e subsequente inicio de genocídio da população saharaui. O general Bennani participou ainda ativamente na construção do Muro de separação 2,720 km que divide os Sahara Ocidental e serve de muro de prisão para a população saharaui. Ao longo do muro existem mais de 9 milhões de minas pessoais que tornam o território o mais minado per capita do mundo.
A crise financeira no Reino de Marrocos, levanta a questão sobre a origem dos fundos que ajudaram a recente aquisição das armas americanas.
Segundo a USAID, Marrocos é um dos mais antigos amigos dos Estados Unidos no Oriente Médio e Norte da África e é reconhecido como um importante aliado não-membro da OTAN. “Desde 1957, o governo dos EUA e o governo de Marrocos têm trabalhado juntos para fazer melhorias reais e substanciais na vida dos cidadãos marroquinos” diz o site.
As relações com a Arabia Saudita parecem estar com percalços uma vez que Marrocos apoia claramente o Quatar, mas facto é, que o dinheiro vem dos países do Golfo, do espolio das riquezas do Sahara Ocidental e outras actividades não legitimas.
Marrocos recebe ainda biliões de Euros em ajudas de vários países e da União Europeia, que se traduzem na construção de edifícios megalómanos mas não na melhoria concreta do país onde existe uma taxa de literacia global de apenas 55 por cento, um taxa de desemprego abismal, indicia de crimes enorme, narco tráfico e trafico de seres humanos.
Os milhões recebidos da União Europeia para a melhoria e desenvolvimento dos “direitos humanos” traduzem-se em acções propagandistas como um workshop de um dia em Abril promovido pela Agência Penitenciária e Reintegração sobre prevenção da tortura nas prisões de Marrocos para os Guardas. Guardas estes que executam as ordens dos seus superiores e esses por sua vez do governo ao maltratar todos os opositores políticos conforme tem vindo a ser denunciado repetidamente e como atestam não apenas os relatórios publicados pelas organizações não governamentais a nível internacional como as próprias Nações Unidas e seus mecanismos de prevenção de tortura.