Achille Mbembe, o mais importante pensador africano vivo, chegou a ponderar tempos atrás se a reconciliação e a justiça inspiradas por Mandela de fato haviam conduzido os sul-africanos à soberania pátria e espiritual, quando seu sucessor Jacob Zuma (2009-18) ameaçou a imberbe democracia da África do Sul com o aparelhamento do Estado.
O legado de Mandela, no entanto, se mostrou forte e consistente diante do assédio político e permanece como realidade institucional no país sul-africano.
Desmentindo o mantra de que a hegemonia política do Congresso Nacional Africano (CNA) era incompatível com a formação de uma sociedade civil autônoma e de uma burocracia estatal independente, foram justamente os ativistas, jornalistas e funcionários públicos, devidamente protegidos pela Constituição, que forçaram a destituição, democrática e consensual, do presidente corrupto.
Até ontem tida como inimaginável, a ainda incipiente, mas não menos notável, guinada democrática nos demais países da África austral surge como uma realização tardia da promessa de uma nova era proferida por Mandela há quase três décadas. As mudanças em curso em Angola e Zimbábue sugerem que, afinal, a CNA pode não ser o único movimento de luta armada anticolonial a liderar uma transição para uma democracia multipartidária.”
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Brasil247 / Tornado
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.