No início de 1997 o sonho de Pedro Guedes estava perto de se realizar: criar uma big band. À conversa com João Vilhena, dono do Héritage Café em Matosinhos, o pianista assumiu uma residência quinzenal e assim nasceu a Héritage Big Band. Composta por 12 músicos, rapidamente conquistou a atenção de críticos e de amantes do jazz. Cerca de dois anos depois, já com 17 músicos, a Héritage Big Band tornou-se a primeira orquestra municipal de jazz do País. A estreia como Orquestra Jazz de Matosinhos ocorreu a 27 de Novembro de 1998, na abertura da loja FNAC do Norteshopping, em Matosinhos. Na altura, Pedro Guedes diria ao Público: Não existia nenhuma formação especifica na área do jazz, nem o hábito de trabalhar em grupo grandes. A evolução foi enorme, quer ao nível dos músicos, tomados individualmente, quer como grupo, e hoje somos, de facto, uma orquestra”.
Em dezembro de 1999, com a Câmara Municipal de Matosinhos como principal sponsor, é constituída a Associação Orquestra Jazz de Matosinhos. Alarga-se assim o âmbito da orquestra para um projeto artístico multifacetado que inclui ainda um serviço educativo dirigido aos alunos das escolas do concelho e o Centro de Alto Rendimento Artístico (CARA), centro de investigação em parceria com o INESC-TEC e FEUP, em atividade em Matosinhos desde 2010 e que promove o diálogo entre arte, ciência e tecnologia.
Em termos musicais a OJM tem direção musical de Pedro Guedes e Carlos Azevedo, contando com 17 músicos entre madeiras, metais e secção rítmica. Apresenta um repertório que inclui diversas variantes estéticas e épocas do jazz, assumindo-se como um fórum de compositores e músicos, lançando pontes e parcerias e produzindo um repertório nacional específico para big band contemporâneo, versátil e variado. Tem colaborado com nomes como Maria Schneider, Carla Bley, Lee Konitz, John Hollenbeck, Jim McNeely, Kurt Rosenwinkel, João Paulo Esteves da Silva, Carlos Bica, Ingrid Jensen, Bob Berg, Conrad Herwig, Mark Turner, Rich Perry, Steve Swallow, Gary Valente, Dieter Glawischnig, Stephan Ashbury, Chris Cheek, Ohad Talmor, Joshua Redman, Andy Sheppard, Dee Dee Bridgewater, Maria Rita, Maria João, Mayra Andrade e Manuela Azevedo entre muitos outros. Atua regularmente nas principais salas do País e também em Barcelona, Belgrado, Boston, Bruxelas, Milão, Nova Iorque, Marselha e Viena. Tem 7 álbuns publicados, maioritariamente com músicos reconhecidos nacional e internacionalmente.
Em janeiro de 2017 a OJM fez 20 anos. Pedro Guedes liga o sucesso da orquestra a 4 fatores principais: um projeto artístico original e coerente, um grupo de músicos qualificados e muito competentes, um forte e sustentado apoio institucional, condições de trabalho adequadas. Em 2018 a OJM leva já 5 concertos realizados, incluindo parcerias com Eduardo Cardinho, Manel Cruz e Sérgio Godinho. Já agendados estão concertos no CCB, a 13 de setembro, e no Caldas Nice Jazz, a 25 de outubro.
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Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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