Ao incentivar a acção do governo italiano, alvitrando a compra de dívida italiana pelos EUA, Trump estaria a procurar sabotar o projecto europeu, temos visto escrito, nestes últimos dias. Isso, porém, seria, parece-nos, apenas chover no molhado. Ou seja, uma acção absolutamente desnecessária. Expliquemo-nos.
Trump não precisa de incentivar o ex-comunista, que manda na Itália, a destruir o “projecto europeu” (seja lá isso o que for e que nas últimas duas décadas tem sido apenas o império do ordo-liberalismo “made in Germany”).
Juncker, Merkel e seus gauleiters (como o inenarrável Coelho de Massamá) já trataram de sabotar esse tal “projecto europeu”… Portanto, não é preciso que os italianos com o apoio de Trump venham agora refazer o que Juncker, Merkel e seus gauleiters já trataram de fazer.
Ao menos (oh paradoxos! ou de como a geopolítica escreve direito por linhas tortas), ao contrário do pobre Obama, Trump não tem obedecido aos arcaicos e irracionais desígnios ordo-liberais da frau que veio do frio.
E isso tem criado momentos de respiração para Estados como Portugal. Repare-se nas “coindidências”. Após um ano de presidência de Trump, apareceu logo a decisão de tirar a Grécia da “solitária”. Também o segundo orçamento de Centeno já não teve de passar as passas do Algarve, em Bruxelas, e o trabalho do ministro já não foi tratado por cima da burra.
E, mesmo se apenas como efeito colateral, a “Trumpice” cria também uma margem de manobra geopolítica que aproveitada com inteligência pode abrir espaços até agora inconcebíveis… Salvini e Conte foram, aliás, dos primeiros a perceber isto. E daí a visita do primeiro-ministro italiano à Casa Branca, logo depois de tomar posse.
Mais, pode-se hoje dizer, sem grande margem para errar, que o mundo que engendrou o “projecto europeu” simplesmente já não existe.
Exclusivo Tornado / IntelNomics
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.