Breves anotações literárias para um moldável Prefácio do Livro de Augusto Esteve.
“Somos apenas viandantes de passagem e curta é a estadia.”
DMG
“Somos viagem em tempo incerto.”
DMG
“A esperança é uma nau intemporal.”
DMG
Depois de lançar “Os Remadores” para o imenso oceano da poesia da vida, eis que Augusto Esteve nos surpreende com nova obra urgente de “Um e Outros Telegramas”!
Claramente desconheço que “magia” ou “feitiço” converte algumas páginas generosas de poesia em um espelho capaz de mostrar com toda a nitidez a alma do Poeta desnudada e adentrarmos a enorme constelação dos sentimentos profundos de quem as escreve.
Tudo isto com uma linguagem simples por isso genuína, fresca, cristalina, transparente e generosa como de resto já sucedera na obra anterior. Portanto, nada nos surpreende neste promissor vate.
Moçambique é felizardo em parir filhos da poesia do grande poema que se constitui. Dividido em dez províncias com dez estrofes e a sua multicultural, multiétnica, multirracial e multilinguística sociedade, só podia conceber filhos de múltiplas linguagens reunidas no verbo literário. Ainda bem.
Por isso:
Cá no Zambeze
tudo é diferente do Índico,
Tudo é diferente do Rovuma.
Cá o verão não me atormenta,
as noites de lua cheia são uma serenidade
infinita
…
.”
Os telegramas são um sinal da necessidade vital de comunicação. Neles os Pássaros livres por natureza cantam as suas angústias e sonhos do porvir.
Reivindicam o seu lugar no mundo.
De tantas angústias, ainda há lugar para o amor, muitas vezes com a brevidade possível, com a urgência vital.
Mensagens angustiadas e angustiantes são trocadas:
Amado, aí neste lugar sem nome
o asfalto é feroz,
os corações não se saciam,
não tem sorrisos como os daqui,
…
.”
O mundo viveria alguma vez sem poesia? Poesia que se respira, transpira, canta, dança, come, bebe e que com os poetas adormece no regaço da mãe-pátria? Não creio.
Há aqui um hábil olhar crítico e autocrítico sobre a verdade da condição humana.
Naturalmente, o autor corporiza os gritos e prantos que se seguem ao canto de um povo que o destino teima em desleixar no caminho livre do amor e do progresso.
Daí que:
O tempo não vai apagar,
nem a molha da chuva levar,
não apagaria nem molharia
os nossos prantos,
…”
Mas consegue o poeta sonhador por natureza, transformar o seu canto em melodia da esperança, reivindicando a sua tormentosa existência com a viagem pelos rios da poesia e portanto do futuro onde os homens abraçam o progresso e a abundância que nos sacia as carências apagando a memória de tempos maus.
Como diria o poeta português António Maria Lisboa:
A seta já contém o alvo, mas só percorre a seta aquele que lhe conhece o alvo.”
Que assim seja vate!
Bayete poeta Augusto Esteve, continua!
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